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Audiências em defesa dos bancos públicos tomam país

Porto Alegre (RS), Salvador (BA) e Aracaju (SE) são algumas das capitais que têm realizado ações para denunciar o sucateamento dos bancos públicos promovido pelo governo de Michel Temer. Na opinião de dirigentes bancários e parlamentares o objetivo do governo federal é a privatização dos bancos federais e estatais.

 

Nesta segunda-feira (9), deputados e senador criaram a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos. O ato foi realizado em Porto Alegre na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi).

“Ela (a frente) tem a função de mobilizar a sociedade para a conscientização do que está acontecendo, das mentiras do governo”, declarou o deputado federal Zé Carlos (PT/MA), um dos articuladores da frente. De acordo com ele, a sociedade será a mais prejudicada pelo desmonte.

Moeda de troca para refinanciamento das dívidas dos estados com o governo federal, os bancos estatuais tem vivido um processo de sucateamento, como é o caso do Banrisul no Rio Grande do Sul.

“Essa Frente é para unificar a luta de todos, para manter o sistema financeiro público. O governo [do Estado] não consegue privatizar o Banrisul por conta da exigência de plebiscito, então está sucateando e vendendo aos poucos. A venda das ações é mais um capítulo dessa história”, analisou o presidente do Sindicato dos Bancários do RS (Sindbancários), Everton Gimenis. Ele se refere ao anúncio feito na semana passada, por Sartori, de que colocaria 49% das ações ordinárias do banco (com direito a voto) à venda.

Bancos públicos: Indutores do desenvolvimento

Também nesta segunda-feira (9) foi realizada audiência pública na Assembleia Legislativa da Bahia (Aleba) para discutir os impactos da reestruturação dos bancos públicos na economia baiana. A audiência foi uma iniciativa da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb) e Sindicato dos Bancários da Bahia. As entidades tiveram o apoio do deputado Jean Fabrício (PCdoB). O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) foi um dos participantes.

O cenário no Estado é de fechamento de agências dos bancos federais como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal e diminuição do quadro de funcionários. O Banco do Nordeste (Banebe) também passa por situação semelhante do que ocorre entre os federais.

Jair Ferreira, da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec), informou que dos 417 municípios do estado, 268 têm bancos públicos; e das 1039 agências bancárias existentes, 576 são de instituições públicas (55%). Além disso, 80,66% das operações de crédito na Bahia são destas instituições.

Ele enumerou as razões estratégicas para que os bancos públicos sejam fortalecidos e não sucateados, entre elas, o papel de indutores do desenvolvimento econômico nacional; de investimento em períodos de crise econômica; de regulação do mercado financeiro; de geração de empregos diretos e indiretos; de operadores de políticas públicas de forma mais eficiente e barata; e de administradores dos fundos constitucionais.

Políticas públicas em risco

Os dirigentes presentes lembraram que políticas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e políticas da agricultura familiar podem ser prejudicadas com a privatização dos bancos públicos.

“É importante que nesta audiência fique claro que o principal ataque é contra a população brasileira, contra as políticas públicas”, afirmou. Demonstrou que há uma diminuição do emprego bancário na Bahia e que a região Nordeste tem sido a mais prejudicada com este processo. “Nossa luta vai precisar ampliar. Precisamos ganhar a sociedade. Estamos numa luta para defender os interesses da maioria da população brasileira, pois depende da atuação dos bancos públicos”, enfatizou Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia.

Na opinião de Sandra Freitas, dirigente bancária de Feira de Santana, a audiência deve servir de exemplo para todas as cidades do interior da Bahia e também outros estados: “Precisamos replicar este tipo de movimento e enfrentar os ataques contra os bancos públicos. Estaremos na luta! Não vamos aceitar isto de cabeça baixa!”, desabafou.

O deputado Daniel Almeida completou que o movimento deve envolver todos os segmentos que tem sido atacados pelo governo Temer, entre eles os empresários da indústria nacional. Emanoel Souza, da Feeb, concordou com o deputado. A defesa dos bancos públicos é a defesa do Estado brasileiro contra o ataque do liberalismo mais feroz. Não podemos ter preconceito”, reforçou.

Luta unificada

Na sexta-feira (6), a Assembleia de Sergipe também recebeu o debate sobre a privatização dos bancos públicos organizada pelo Sindicato dos Bancários do Estado com o apoio do deputado Luciano Pimentel (PSB). De acordo com o parlamentar, o fechamento de agências de bancos públicos ‘significará restrição do desenvolvimento e fragilizará a econômica das pequenas cidades sergipanas’.

Na opinião da presidenta do Seeb-SE e vice-presidenta da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ivânia Pereira o ataque aos bancos públicos é uma face do golpe contra a democracia e a luta deve ser unificada.

“A privatização faz parte de um desmonte das empresas públicas do pais. ” Precisamos observar que o que está em curso no Brasil é uma ameaça aos bancos públicos, é uma ameaça ao Estado nacional, à Economia Nacional. Não só dos bancos, mas das industrias, e dos serviços públicos. É uma retirada do Estado Nacional que vai atacar a mesa dos brasileiros, e para reagir a essa ameaça tão veloz, o que as centrais sindicais estão propondo é uma luta unificada”, defendeu a dirigente.

Papel social ameaçado

O Banco do Brasil é o primeiro na mira das privatizações do governo Temer, denunciam parlamentares e sindicalistas. De acordo com matéria publicada na Rede Brasil Atual, a recente contratação de Pedro Moreira Salles, gestor do Itaú Unibanco e integrante do conselho administrativo da empresa Falconi Consultores de Resultado, aconteceu para preparar o desmonte do BB.

“São os bancos públicos que fazem, por exemplo, as operações anti-cíclicas na economia. Os bancos privados não querem correr risco, não querem emprestar para o pequeno agricultor, não querem pagar seguro-desemprego, não querem adotar agências VIP para o povo. Eles querem fazer grandes empréstimos de curto prazo e compor com risco”, afirmou o deputado Zé Carlos (foto). “Os bancos privados têm foco no financeiro, enquanto os bancos públicos focam no social”.

Do Portal Vermelho com agências

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