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55 anos da Federação

Segurança Bancária no Brasil é frágil e ineficiente, aponta Seminário

A segurança bancária no Brasil é insuficiente, mal organizada e está aquém dos padrões internacionais. Tanto que foi aqui o segundo maior assalto a banco do mundo, no Banco Central de Fortaleza, em 2006. Durante o 3º Seminário Nacional de Segurança Bancária, que aconteceu nesta quarta-feira, 30, as falhas ficaram evidentes e também a falta de proteção à vida dos bancários, vigilantes, clientes e população em geral.

(Curitiba) A segurança bancária no Brasil é insuficiente, mal organizada e está aquém dos padrões internacionais. Tanto que foi aqui o segundo maior assalto a banco do mundo, no Banco Central de Fortaleza, em 2006. Durante o 3º Seminário Nacional de Segurança Bancária, que aconteceu nesta quarta-feira, 30, as falhas ficaram evidentes e também a falta de proteção à vida dos bancários, vigilantes, clientes e população em geral.


O seminário é promovido pela Contraf-CUT, Federação dos Bancários do Paraná, Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e Sindicato dos Vigilantes de Curitiba. "Este evento é de suma importância. O problema da segurança bancária tem crescido assustadoramente e tem de ser discutido por toda a sociedade, não pode ser tratado com o descaso que os bancos dedicam ao tema", afirma Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf-CUT.

seminário é promovido pela Contraf-CUT, Federação dos Bancários do Paraná, Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e Sindicato dos Vigilantes de Curitiba. "Este evento é de suma importância. O problema da segurança bancária tem crescido assustadoramente e tem de ser discutido por toda a sociedade, não pode ser tratado com o descaso que os bancos dedicam ao tema", afirma Carlos Cordeiro, secretário geral da Contraf-CUT.

A sistematização dos dados sobre segurança bancária é precária. Tanto que intelectuais e pesquisadores chegaram a fazer um manifesto para pedir maior clareza sobre o tema. Há estados, onde a legislação obriga que a Secretaria de Segurança Pública divulgue os dados, como é o caso do RS, SC, SP, RJ MG. Já o Paraná surge como um dos mais atrasados na transparência de dados. O pesquisador, Cléber Lopes, da Unicamp, fez uma peregrinação à Secretaria de Segurança Pública durante vários dias e não conseguiu nenhuma informação a respeito que pudesse contribuir para o debate do Seminário. Da mesma forma, diversas entidades e a própria imprensa foram à Secretaria, solicitando os dados e não foram atendidas. A Secretaria de Segurança Pública recusou o convite para participar do seminário.

Mais de 160 pessoas, provenientes de diversos estados, como RS, SC, SP, MG, ES, RJ, DF, participaram do evento. Esta é a segunda vez que Curitiba sedia um seminário de segurança bancária. A primeira foi em 2004. Para Marisa Stedile, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, o objetivo do evento foi alcançado. “O foco deste seminário foi a proteção da vida dos bancários, clientes e população. Em primeiro lugar devem estar as pessoas e não a proteção do lucro de cada dia do banco”, afirma. 

Diversos representantes dos bancos estiveram presentes, entretanto nenhum deles aceitou falar publicamente sobre o tema. “Sentimos a ausência dos banqueiros apresentando seus dados, suas justificativas, seu investimento em segurança. Afinal, a realidade demonstra que ou este dinheiro não está sendo investido, ou está sendo mal investido”, argumenta Adilson Stuzata, presidente da Federação dos Bancários da CUT/PR.

Diagnóstico
Um dos momentos mais importantes do Seminário foi a apresentação de uma pesquisa coordenada pelo especialista em segurança da Unicamp, Cleber Lopes. A pesquisa mostra que na proporção, São Paulo é o Estado que tem o maior risco no interior das agências. O Rio Grande do Sul aparece em segundo lugar, seguido por Santa Catarina e Rio de Janeiro. A estimativa foi feita levando em consideração o número de agências em cada Estado e o volume de ocorrências.

Em São Paulo, onde o volume de assaltos a bancos tem sido alarmante, segundo dados da Contraf – CUT, os gestores de Segurança Pública no Estado atribuíram os índices a dois fatores: a mudança interna nas “dinâmicas criminais” e uma suposta conivência dos vigilantes que atuam nos bancos, acarretada nível elevado de clandestinidade das empresas de segurança.

Na avaliação de Cleber, os dados apresentados são uma mostra do que acontece hoje em nível nacional. “Traçamos um perfil em quatro importantes unidades da federação e a conclusão que chegamos é a de que quando as autoridades civis e militares, as instituições financeiras, as categorias profissionais e a sociedade possuem dados e registros precisos sobre ocorrências nas agências bancárias, o combate à criminalidade se torna mais eficaz. Não existe política de segurança pública sem dados concretos. Para implementar é preciso diagnosticar”, explicou.

Carta de Curitiba
Ao final do seminário, os participantes elaboraram a carta de Curitiba com as principais reivindicações das entidades presentes. Umas das principais é a criação de uma central de monitoramento em tempo real integrada com as policias civil e militar e as secretarias de segurança pública. Outra reivindicação foi a mudança do layout das agências para resguardar o sigilo das transações financeiras, impedir a observação dos caixas e facilitar o posicionamento dos vigilantes.

Outras exigências são: proibição do transporte de valores e de chaves de cofres por funcionários dos bancos, instalação de portas de segurança com detectores de metais e utilização de vigilantes no auto-atendimento, emissão de boletim de ocorrência e de Comunicado de Acidente de Trabalho.

Os participantes também reivindicaram a atualização da lei 7.102, de 1983, que rege a segurança privada no país e cobraram a aplicação da portaria da Policia Federal que estabelece dois vigilantes por agencia bancária.

Contraf destaca preocupação com lotéricas e punição aos bancos
O secretário geral da Contraf, Carlos Cordeiro, salientou em sua fala a preocupação da entidade com a proteção dos trabalhadores e clientes das lotéricas. “As lotéricas são postos de atendimento da Caixa Econômica, e deveriam seguir as mesmas imposições legais de segurança dos bancos, mas ninguém assume esta responsabilidade. Hoje, as lotéricas simbolizam a discriminação que os bancos realizam com os clientes de baixo poder aquisitivo. Na visão do banco, eles não trazem lucro e não merecem proteção”, ressalta.

“Hoje já há obrigatoriedade do uso de colete a prova de balas por vigilantes, entretanto, poucos bancos estão cumprindo esta portaria”, lamenta. “Existem três tipos de punições aos bancos que não cumprem a legislação: advertência, multa – no máximo de 20 mil reais e interdição de agência. A mais eficiente é a última, pois funciona como um restaurante fechado pela vigilância sanitária, afeta diretamente a imagem do banco”. Cordeiro afirmou que até hoje nenhum banco foi punido desta forma.

Vigilantes em alerta
Colocar em prática os planos de segurança das instituições bancárias e investir em sistemas efetivos de proteção à vida. Estas são as propostas da  Confederação Nacional de Trabalhadores em Vigilância/Prestadores de Serviços (CNTV/PS) e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, apresentadas no Seminário Nacional de Segurança Bancária.

O presidente da CNTV/PS, José Boaventura Santos, ressaltou a precariedade das atuais políticas de segurança do país e a necessidade de fiscalização no setor. “A Polícia Federal tem papel fundamental de exigir de implementação das normas legais de proteção por parte dos bancos”. Segundo Boaventura, este é o caminho para a prevenção a assaltos. “As instituições bancárias condicionam a instalação de equipamentos de segurança à estética das agências em detrimento da vida de bancários, vigilantes e clientes. Com isso, têm-se as brechas para os marginais atuarem”. 

O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares, enfatizou a falta de preocupação dos banqueiros. “É grave o problema da aplicação de recursos para aumentar a guarda dos valores. O dinheiro está sempre muito bem protegido dentro dos estabelecimentos enquanto os vigilantes estão trabalhando sem coletes à prova de balas, escudos e portas giratórias com baixa sensibilidade a objetos metálicos”. 

A PM e a sociedade
Representando o Comando Geral da Polícia Militar do Paraná, o Capitão Marcos Vieira, Chefe da Seção de Inteligência da Cia. de Choque e Comandante da RONE, apontou algumas medidas de segurança que vêm sendo implementadas e que podem contribuir para um combate mais eficaz a criminalidade nas agências bancárias. Vieira destacou a integração entre as Polícias (Civil, Militar e Federal) e um patrulhamento mais intenso na parte interna dos bancos, sugerindo a ampliação do debate com a sociedade e a realização de projetos educativos.

“Este é um evento histórico porque nós estamos quebrando alguns paradigmas e nos unindo para combater a criminalidade nas agências. Essa discussão tem que ser aprofundada e sugiro a realização de campanhas educativas voltadas para a orientação dos funcionários, clientes e usuários. Esse é um aspecto fundamental e que deve ser trabalhado de forma conjunta. O resultado será positivo para todos”, reforçou.

A abordagem do Capitão Marcos Vieira também se concentrou na análise histórica dos números de assaltos a bancos no Estado. Segundo ele, no final da década de 80, pelo menos três agências eram assaltadas a cada semana. Com a implantação do “Tático Móvel Choque” este número baixou para praticamente “0” durante alguns anos, apesar de o Estado não quantificar as ocorrências nas agências bancárias no Paraná.

 O evento contou ainda com a presença de Roni Barbosa, presidente da CUT/PR, deputado estadual Professor Luizão (PT), Jéferson Furlan Nazário, do Sindicato das Empresas de Segurança e Wilson Ferreira Bonfim, da Polícia Federal.

Fonte: Seeb Curitiba

SEEB/Curitiba

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