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Outubro Rosa 2022

Mais de 100 mil pessoas protestaram em todo o país

As Centrais Sindicais e Movimentos populares realizaram no dia 30 de março uma mobilização histórica em todo o país, unificando os trabalhadores da cidade e do campo, movimentos sociais e estudantes para dizer que os trabalhadores e trabalhadores não pagarão pela crise financeira do sistema capitalista.

Como parte das mobilizações do dia 30 de março, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizou quatro ações simultâneas no Estado, com os bloqueios da Avenida Francisco Morato, Estrada do Campo Limpo e Rodovia Anhanguera, na capital.

Também na capital paulista, Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Estado (Sntaema) fez manifestação na ponte das Bandeiras contra as demissões na Sabesp. De acordo com o sindicato, quase 300 trabalhadores já foram demitidos, sendo que muitos estão doentes e em tratamento médico.

Trabalhadores da General Motors (GM) de São José dos Campos, no interior de São Paulo, participaram na madrugada da segunda-feira de uma manifestação que abriu o chamado "Dia Nacional de Luta contra Demissões". Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, cerca de 2 mil funcionários da empresa fecharam o acesso à fábrica próximo à rodovia Presidente Dutra.

 Wagner Gomes, presidente da CTB, junto com representantes das centrais sindicais

Em defesa do emprego

Em São Paulo, mais de 20 mil pessoas se concentraram em frente à FIESP, onde foi realizado um ato para protestar contra as demissões em massa que estão sendo promovidas pelas indústrias paulistas.
Os manifestantes seguiram em marcha até o Banco Central e realizaram o segundo ato público.

João Batista Lemos, secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil) representou a Federação Sindical Mundial para dizer que os trabalhadores não vão pagar pela crise do neoliberalismo e exigir a redução dos juros e do spread bancário, que é diferença entre a taxa paga pelos bancos na captação de recursos e a cobrada dos clientes que tomam empréstimos. Batista afirmou que a mobilização do dia 30 é o início de uma longa jornada de luta por um novo projeto de nação, que abra caminho para um novo sistema político. "Esse sistema é o socialismo", afirmou o representante da FSM.

Batista Lemos declarou que "a FSM convocou o dia 1º de abril como o dia Internacional de Luta para mostrar que estamos unidos e mobilizados. Antecipamos a data para selar a unidade da classe trabalhadora e suas organizações Independentemente de nossas convicções ideológicas, estamos aqui para barrar as demissões. Os Estados estão mobilizados para combater os ataques aos direitos dos trabalhadores e a exploração que os donos do capital querem submeter a classe trabalhadora", concluiu.

 Foto: Mauricio Morais CTB e FSM, juntas contra a exploração

Zé Maria, coordenador nacional da Conlutas, lembrou que todas as centrais sindicais superaram suas divergências para construir uma ampla mobilização, e que precisamos manter a unidade de forças para cobrar do Governo Federal uma lei que assegure o emprego para todos os trabalhadores. "Este ato é o ponto inicial para construirmos uma greve geral contra a exploração capitalista", afirmou Zé Maria.

Antonio Carlos Spis, membro da executiva nacional da CUT argumentou a ação oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale, CSN e Embraer, privatizadas a preço de banana, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.

Tio Sam na cadeia

A presidente da União Nacional dos Estudantes, Lucia Stuff, disse que a juventude atendeu o chamado de unidade para fortalecer a luta dos trabalhadores. "Nós queremos ver o Tio Sam pedindo esmola, pois não pagaremos pela crise que não criamos, não aceitaremos que suas consequências recaiam nas costas do povo brasileiro", afirmou Lucia Stuff.

"Queremos fazer dessa crise uma momento de oportunidade para mais investimentos na educação. Exigimos políticas que propiciem o primeiro emprego para a juventude", concluiu Lucia Stuff.


Fora Henrique Meirelles!

Com a palavra de ordem "Por essa crise, não pago não, quero emprego, saúde e educação", a manifestação foi para a frente da Caixa Econômica Federal, onde diversas entidade discursaram.

O secretário-geral da UGT, Canindé Pegado, afirmou que os trabalhadores não pagarão pela crise. "Queremos que as demissões sejam freadas em todas as empresas, e se mais trabalhadores forem demitidos nós vamos ocupar as empresas"

Nádia Campeão, representando as mulheres do PCdoB, saudou todos os militantes que deixaram suas casas para dar uma demonstração de unidade e de luta. "Quero saudar a todos que têm levando a bandeira do socialismo. Essa crise não é nossa, é dos neoliberais que não tem freios na sua ganância por lucros. Queremos que os políticos tenham coragem de democratizar o Conselho Econômico Nacional, garantido assento para os representantes dos trabalhadores", cobrou Nadia Campeão.

Para o diretor do Sindicato dos Condutores de São Paulo, o presidente do Banco Central é o grande patrocinador dessa política econômica que mantém os juros altos e impede a geração de novos empregos. "Exigimos a demissão do Henrique Meirelles, pois enquanto ele permanecer no cargo os juro bancário não será reduzidos" disse o sindicalista.

Segundo João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, "o sucesso da mobilização demonstra que é possível unificar a luta em defesa do emprego".


O coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio Moraes, afirmou que a greve dos petroleiros, que parou todas as unidades da Petrobras por cinco dias, conseguiu impedir o aumento das demissões nas empresas terceirizadas. "Nossa greve tem tudo a ver com esse ato. Lutamos contra a redução de postos de trabalho na Petrobrás, garantindo o emprego de mais de 200 mil contratados e arrancamos na negociação o compromisso de cessar a política de terceirização e combater a precarização", apontou Moraes.

Com animação e disposição os manifestantes seguiram em passeata, descendo a Rua da Consolação com muitas faixas, bandeiras e cartazes contra as demissões, pela reestatização da Embraer, a favor da redução dos juros, da jornada de trabalhos sem redução e salários, por reforma agrária, saúde, educação e moradia.

Ou pára as demissões ou paramos o Brasil

A marcha seguiu até o Teatro Municipal para a realização do grande ato final, com as lideranças das Centrais, UNE, UBES, MST, MNN, Marcha Mundial de Mulheres e outras entidades se expressando no carro de som.

Artur Henrique, presidente da CUT, iniciou seu discurso enaltecendo a maturidade de todos os partidos de esquerda, das centrais sindicais e movimentos sociais na construção do ato. "Não vamos permitir, em hipótese alguma, que os trabalhadores paguem pela crise. Nós estaremos nas ruas sempre que alguma empresa promover demissão em massa", disse Arthur Henrique.

O presidente da CUT criticou as privatizações promovidas pelo governador tucano José Serra, que vendeu a ultima empresa de energia elétrica e o último banco p e defendeu que a liberação de recursos públicos para empresas em dificuldades, precisa estar vinculado a contrapartidas sociais, priorizando o fortalecimento do mercado interno.  Ao condenar a apatia do governo estadual, Artur denunciou que "diante da crise internacional, Serra vendeu a última empresa de energia elétrica, vendeu o último banco público, e continua seguindo o fracassado receituário neoliberal, de entrega e privatização do patrimônio".


Segundo Paulo Pereira da Silva, dirigente da Força Sindical, a unidade que foi construída pelas centrais e movimentos sociais foi importante e deve se repetir no 1º de Maio. Paulinho salientou que os trabalhadores já obtiveram uma conquista importante na manhã do dia 30, quando as centrais sindicais que representam também os trabalhadores das montadoras (CTB, CUT e Força Sindical, se reuniram com o vice-presidente José Alencar, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que comunicaram a decisão do governo de prorrogar por três meses a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o ramo automobilístico, condicionada à estabilidade dos trabalhadores no emprego. Vamos continuar a luta para que o Banco Central reduza a taxa de juros, concluiu Paulinho.

Wagner Gomes, presidente da CTB, saldou a presença do sindicalista José Ibrahim, que em 1968 enfrentou a ditadura militar realizando greves em diversas empresas metalúrgicas. Após a saudação, Wagner Gomes elogiou a superação da fragmentação da esquerda, que mesmo mantendo suas diferenças políticas, construíram a mobilização unificada em torno de um objetivo comum: a defesa do emprego. "Quero parabenizar a união de todas as Centrais e Movimentos Sociais nessa luta. "Não podemos desprezar o tamanho da crise. Temos que falar bem alto que a crise tem dono, foram os capitalistas que a criaram, e os trabalhadores, que não tem nenhuma culpa, não vão pagar por ela", disse o presidente da CTB. Wagner Gomes concluiu o seu discurso com uma palavra de ordem que ecoou nas vozes dos manifestantes, sendo repetida diversas vezes no final do ato: um, dois três, quatro cinco mil, ou pára as demissões ou paramos o Brasil!.

 Wagner Gomes, presidente da CTB, fala durante ato em São Paulo

O encerramento do ato foi uma confraternização solidária dos manifestantes de todas as tendências políticas que desejam manter a mobilização contra a crise e em defesa do emprego.

Reforma Agrária Já!

Com cartazes e faixas defendendo "Reforma Agrária Já", os militantes do MST exigiram o assentamento das famílias acampadas e investimentos na agricultura familiar.

Na manifestação, Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST, avaliou como um passo importante a unidade das entidades no ato, mas acredita que é preciso avançar. "É preciso desenvolver um trabalho de base e explicar a crise para a classe trabalhadora e mobilizar milhões e milhões de pessoas para resistirmos", disse Gilmar. "É uma crise social grave e é preciso nos prepararmos para enfrentá-la". Para o dirigente do MST, "haverá conflitos e problemas de fome e miséria", uma vez que os problemas da economia são mais profundos que na Crise de 29, tendo conseqüências extremamente graves para todos os povos.

"Estaremos na rua e em todos os latifúndios que pudermos ocupar", afirmou o integrante da coordenação nacional do MST, José Batista de Oliveira, assumiu o compromisso de que os Sem Terra vão intensificar as lutas pela Reforma Agrária no mês de abril. Batista anunciou também que o Movimento prepara marchas em todos os estados para cobrar a Reforma Agrária, entre maio e junho, quando deve acontecer uma paralisação dos trabalhadores contra o desemprego.


No final do ato, João Paulo Rodrigues, coordenador do MST, concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal da CTB, onde afirmou que o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra convocou seus militantes, em todos os estados, para se unirem com os trabalhadores e demais movimentos sociais nas mobilizações que ocorrem em diversas capitais neste dia 30 de março.

"Os trabalhadores do campo se uniram com os trabalhadores da cidade na luta contra a crise econômica e o desemprego que compromete a sobrevivência de milhões de pessoas. A manifestação desse dia 30 é um passo importante para reconstruirmos a unidade e iniciarmos grandes mobilizações contra o capital financeiro e as empresas transnacionais, responsáveis pela crise econômica", afirmou João Paulo.

Flaldemir Sant'Anna de Abreu - Portal CTB  - Fotos: Mauricio Morais

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