Banco Central eleva juros e agrava endividamento de famílias
O Banco Central decidiu, pela sétima vez consecutiva, elevar a taxa básica de juros (Selic), que passou de 14,75% para 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Com a medida, o Brasil se mantém entre os países com as maiores taxas reais de juros do mundo, o que amplia os impactos negativos sobre a economia real.
A elevação dos juros aprofunda o custo do crédito para consumidores e empresas, desestimula investimentos e restringe o consumo, com efeitos diretos sobre o crescimento e a geração de empregos. O encarecimento do financiamento contribui para o aumento do endividamento das famílias, enquanto os custos da dívida pública também crescem, pressionando o orçamento do governo.
Desde o início do ciclo de alta, iniciado em 2021, os juros ao consumidor dispararam, com taxas médias passando de 36% ao ano para mais de 56% em 2025. No mesmo período, os gastos do governo com os juros da dívida pública alcançaram quase R$ 1 trilhão, o que representa uma fatia expressiva do PIB e supera os investimentos federais em áreas essenciais como saúde e educação.
Além disso, parte significativa desses recursos acaba sendo transferida ao sistema financeiro, especialmente a grupos internacionais, em um modelo de financeirização que concentra riqueza e retira recursos da economia produtiva. A alta dos juros favorece esse setor, ao mesmo tempo em que penaliza trabalhadores, empresas e serviços públicos.
O cenário atual levanta questionamentos sobre o papel e a autonomia do Banco Central, uma vez que suas decisões têm beneficiado principalmente grandes grupos econômicos, em detrimento da maioria da população e do desenvolvimento nacional.