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9º Encontro da Juventude Bahia e Sergipe

Em busca de um novo pensamento econômico

José Souza
Até bem pouco tempo havia uma ideia quase religiosa de que a mão invisível do mercado seria o instrumento capaz de regular as desigualdades e insuficiências do sistema do grande capital. Os neoliberais e seus aliados disseminaram a máxima de que o Estado teria que ficar longe da economia. A história teria chegado ao fim, nada mais aconteceria na sociedade humana depois do capitalismo, segundo Francis Fukuyama. Mas a realidade, cruel como sempre, se encarregou de mostrar um lado bem diferente.

De 2008 para cá, o mundo assiste a uma verdadeira hecatombe nas economias dos chamados países desenvolvidos. Depois da crise financeira dos Estados Unidos, assistimos ao fogo queimar as fortunas dos chamados países da periferia da Europa - Irlanda, Grécia e Portugal. Os economistas ligados a organismos, como Fundo Monetário Internacional e bancos centrais (FED e BC Europeu), tentam encontrar uma saída para substituir o velho Consenso de Washington.

Nos últimos meses, a nata dos economistas internacionais tem realizado eventos com o objetivo de formatar um Novo Consenso. Dizem que é muito cedo para definir uma nomenclatura, como a do passado. Mas verifica-se uma quase unanimidade em torno da necessidade de que esse Novo Consenso, caso surja, será inevitavelmente menos liberal. Veja o que diz o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn: "Precisamos de uma nova globalização, uma globalização mais justa, com face mais humana" (Jornal Valor, suplemento Eu & Fim de Semana de 20 a 24 de abril/2011). Ele defendem que o novo modelo contemple duas pontas, sendo uma parte representada pelo mercado e outra parte ancorada pelo Estado.

Na verdade está em gestação um Novo Keynesianismo, isto é, um modelo baseado nas teses de John Maynard Keynes, que defendia que o mercado poderia permanercer no centro do palco da economia, mas a chamada mão invisível não poderia ser um punho de Myke Tysson. Foi a realidade que predominou sobre os desejos dos ideólogos do livre mercado. Sejam eles nativos ou de alhures. Aliás, por aqui já faz bastante tempo que o Estado tem sido o motor propulsou do nosso desenvolvimento. Nos países centrais do capitalismo, Estados Unidos à frente, a conta da esbórnia também foi e vem sendo paga pelo Estado. Na Europa não é diferente.

Mas, de vez em quando, uma ovelha desgarrada berra com saudades dos velhos tempos. Recentemente, o sergipano Albano Franco, ex-governador e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicou artigo na imprensa local e nacional defendendo a volta das privatizações no Brasil. Parece que o empresário de Sergipe andou viajando por outra galáxia e não se deu conta dos últimos acontecimentos. Não percebeu as novidades do laboratório do grande capital - as chamadas instituições de Bretton Woods, cidade que sediou a histórica conferência de 1944 para elaborar as políticas que seriam adotadas pelos países do grande capital.

Essas crises mostram que o mundo capitalista sofreu um tremendo golpe. Mas é muito cedo para se prever os reais desdobramentos. Surgirá um novo pensamento econômico, ou apenas um ‘reboco’? Os trabalhadores precisam ficar atentos e fortes, pois normalmente a resposta da crise burguesa vem pelas armas, em forma de guerra. Estamos assistindo ao posicionamento dos países da Europa em relação às Repúblicas da África e do Oriente - Líbia, Egito, Síria etc. França e Inglaterra se ouriçam de maneira inigualável. Parece até que elas não conheciam o lado autoritário dos países confragrados. Portanto, a burguesia, no momento, entrega os anéis apenas para não perder os dedos.

* José Souza é presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe

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