A porrada do superávit primário
O ministro Guido Mantega anunciou ontem um novo aumento do superávit
primário – que é a reserva de caixa dos banqueiros. Os “analistas de
mercado”, nome fictício dos agiotas do sistema financeiro, aplaudiram e
querem mais. A mídia rentista também elogiou o aperto fiscal. Já a
oposição demotucana fez dengo e criticou o “jogo de cena”, exigindo
cortes mais drásticos nos gastos.
Na prática, o governo cedeu
novamente à ditadura do capital financeiro. A desculpa usada foi a de
que a crise mundial ameaça o país. “Estamos respondendo à situação
internacional. Temos repetido há semanas que há uma deterioração do
quadro... Estamos nos precavendo para impedir que o Brasil tenha o mesmo
destino dos países avançados”, justificou o ministro da Fazenda.
Reserva de caixa dos banqueiros
A
decisão de elevar a meta do superávit em cerca de R$ 10 milhões
representa mais um duro golpe na economia. Significa que o governo
“poupará” este montante, que poderia ser aplicado em melhorias nas áreas
sociais e em investimentos estratégicos na infra-estrutura, para pagar
mais juros aos banqueiros e rentistas que especulam com os títulos da
dívida pública.
Ao entesourar essa grana, o superávit afeta a
produção, o consumo, o emprego e, de quebra, a própria arrecadação do
Estado. Ou seja: a tal “poupança” não serve para enfrentar a crise
mundial. Ao contrário: agrava seus efeitos. O que se economiza numa
ponta, perde na outra com a diminuição da arrecadação. E o pior é que o
governo Dilma insiste nesse caminho de viés neoliberal.
“Submissão ao mercado financeiro”
No
início do seu mandato, Dilma fixou a meta de superávit em R$ 81,8
bilhões. Agora, ela eleva para R$ 91 bilhões. Como afirma o economista
Amir Khair, secretário de Finanças na gestão de Luiza Erundina
(1989-1993), a decisão representa “a submissão total do governo ao
mercado financeiro... Enquanto o ministro faz uma economia de R$ 10
bilhões, o Banco Central gasta R$ 220 bilhões em juros”.
Para
ele, a política monetária de juros altos e a política de arrocho fiscal,
com elevados superávits primários, são “suicidas” e vão causar retração
na economia. Essa orientação é bem diferente da adotada por Lula diante
da crise capitalista do final de 2008. Na ocasião, o governo reduziu o
superávit primário, o que ajudou a aquecer o mercado interno e a evitar o
tsunami no Brasil.
Dilma que se cuide!
Com
a decisão de elevar o superávit, submetendo-se às ordens do
“deus-mercado, o governo Dilma pode agravar ainda mais os efeitos do
repique da crise capitalista mundial. As conseqüências podem ser
trágicas. A oposição demotucana e a sua mídia, que já estão na ofensiva
contra a corrupção, sairiam fortalecidas com a piora dos indicadores
econômicos. A popularidade de Dilma que se cuide!
