Bancários estão entre os que mais adoecem no trabalho

O Brasil vive uma crise de adoecimento mental relacionado ao trabalho. Dados do INSS, compilados pela plataforma Smartlab, revelam um crescimento de 66% nos benefícios por transtornos mentais de 2023 para 2024, saltando de 283 mil para 471 mil casos. Motorista de ônibus, gerente de banco, escriturário de banco, técnico de enfermagem e vigilante são as cinco categorias com maior número de afastamentos por saúde mental reconhecidos como doença ocupacional.
O setor bancário se destaca por está duplamente representado no ranking. Os gerentes de banco lideram o percentual de benefícios reconhecidos como decorrentes do trabalho, sendo este o motivo de 37,76% dos 13 mil afastamentos. Entre os escriturários o índice também é alto, com 18,77% dos 23 mil afastamentos, sendo decorrentes do trabalho.
Nos últimos anos, o aumento de casos relacionados à saúde mental entre os bancários tem sido constante. Mesmo representando menos de 1% dos empregos formais no país, a categoria bancária foi responsável por quase 3% de afastamentos registrados por acidentes de trabalho em 2024. Isso reforça a preocupação com o ambiente de trabalho no setor financeiro, caracterizado por metas intensas e pressão constante, fatores frequentemente apontados como gatilhos para o adoecimento psicológico.
“Esses dados só comprovam as nossas denúncias. Acompanhamos o dia a dia dos colegas e sabemos exatamente a sofrimento que a categoria vem vivendo. O fechamento desenfreado das agências, as demissões em massa, as metas inatingíveis, tudo isso massacra os trabalhadores e as trabalhadoras, vivemos realmente uma epidemia e vamos precisar lutar para mudar esse cenário. Não podemos mais esperar que os bancos assumam o seu papel social. Apesar das inúmeras discussões, de várias rodadas de negociações, os representantes dos bancos insistem em responsabilizar o próprio trabalhador e se isentar totalmente”, ressaltou a presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Andréia Sabino.
Andréia acrescenta ainda que os números são alarmantes, mas o movimento sindical acredita que ainda estão sub notificados, já que muitas vezes, os bancários têm medo de se afastar para não serem demitidos.
