Bancos negam reivindicações e frustram bancários
Os banqueiros mantiveram a postura intransigente e disseram não a todas as reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários, na primeira rodada de negociação da campanha salarial 2013 encerrada nesta sexta-feira (9/8), em São Paulo. Saúde, segurança e condições de trabalho foram os temas discutidos no encontro, que foi iniciado na quinta-feira.

Para o secretário Geral da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto, que participou dos debates, os representantes da Fenaban trataram os temas com descaso, demonstrando total desrespeito pelo bem estar dos trabalhadores e também pela segurança de clientes e funcionários.
A postura não desanimou o Comando Nacional que, mais uma vez, deixou claro aos bancos que as más condições de trabalho, responsáveis pela epidemia de adoecimentos que atinge a categoria, e a proteção à vida são prioritárias e precisam ser resolvidas nesta Campanha Salarial.
Em 2012, segundo dados do INSS, 21.144 bancários foram afastados do trabalho por adoecimento, dos quais 25,7% com estresse, depressão, síndrome de pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos (LER/Dort).
Somente nos primeiros três meses deste ano, 4.387 bancários já haviam se afastado por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort.
Assédio moral
O Comando Nacional cobrou mais empenho dos bancos para coibir a prática da violência organizacional nos locais de trabalho e defendeu a necessidade de aprimorar o instrumento de combate ao assédio moral, conquistado na Campanha Nacional 2011, que depende da adesão de sindicatos e bancos. Um dos problemas é que o prazo de apuração das denúncias encaminhadas aos bancos é hoje de até 60 dias. Foi proposta uma redução para até 30 dias.
Os dirigentes sindicais também reivindicaram que as empresas possibilitem que os sindicatos realizem palestras e reuniões nas agências e departamentos sobre prevenção ao assédio moral. E defenderam a garantia de estabilidade no emprego ao bancário ou bancária assediada durante o período de investigação da denúncia.
Os negociadores não deram resposta para as demandas e sugeriram que essas questões sejam remetidas para aprofundamento na mesa temática de saúde e condições de trabalho.
Segurança Bancária
O Comando Nacional reafirmou a necessidade de proteger a vida das pessoas e cobrou prevenção contra assaltos e sequestros, bem como a melhoria da assistência às vítimas. Os bancos, no entanto, negaram o atendimento das reivindicações por mais segurança, mostrando que a gestão do lucro está acima da preservação da vida.
Foi ressaltada a necessidade de prevenção contra sequestros. O número de ocorrências vem crescendo assustadoramente. Nos últimos sete dias, segundo levantamento do Comando, dez bancários foram vítimas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Pará, atingindo gerentes e tesoureiros, os que levam as chaves do banco para casa. Os bancos recusaram a proposta do fim da guarda das chaves pelos bancários, alegando que não é a causa dos sequestros.
Além da prevenção, o Comando defendeu estabilidade no emprego e maior assistência para vítimas de assaltos, sequestros e extorsões. Foi proposta a emissão da CAT, a liberação dos funcionários do trabalho e o fechamento das agências e postos no dia da ocorrência, dentre outras demandas. Mas nada foi aceito pelos bancos.
O resultado do encontro só reforça a necessidade dos bancários manterem a mobilização e intensificarem as manifestações nas agências em todo o país, deixando bem claro para os banqueiros que não abrirão mão de seus direitos.
A segunda rodada de negociação foi marcada para quinta e sexta-feira, dias 15 e 16 de agosto, quando será tratado o tema do emprego.
Com informações da Confederação Nacional dos trabalhadores do Ramo Financeiro.
