MPT Bahia discute assédio moral nos estabelecimentos bancários
O Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia promoveu na última segunda-feira, dia 21, um ato público sobre o assédio moral no setor bancário, no auditório da instituição, em Salvador. Participaram dos debates Larissa Leal Lima, procuradora do trabalho; Petilda Serva Vazquez, socióloga e historiadora; e Edjane Aniceto da Rocha, psicóloga clínica. Os trabalhadores do setor bancário têm sido a categoria mais afetada pela prática ilegal de assédio moral.

Em sua palestra, a pesquisadora Petilda Vazquez resgatou o histórico das relações de poder e de mando no Brasil para explicar porque no país o assédio moral é amplamente praticado. Destacou também o protagonismo do movimento sindical bancário da Bahia na luta contra este mal no ambiente de trabalho. Afirmou que existem questões importantes a serem abordadas quando se fala em assédio moral no setor bancário. “A saúde do trabalhador é algo de grande importância nesses casos. Questões psicológicas, psíquicas e físicas afetam diariamente os empregados, que, por sua vez, acabam por seguir uma lógica perversa do capitalismo. Adoecimento por jornadas excessivas de trabalho, estresse, angústia, cansaço exagerado são algumas questões emblemáticas que podemos citar como exemplos de sintomas dos trabalhadores afetados por este processo”, salientou.
A psicóloga Edjane Rocha relacionou os tipos de assédio moral e suas consequências, como depressão, suicídio, problemas psíquicos em geral. Salientou os reflexos gerados a toda a sociedade quando ocorre o assédio. “O que vemos na prática é que o excesso de cobrança e de pressões acaba por se refletir na vida pessoal desses trabalhadores, afetando sobremaneira sua vida familiar e social. Com isso, temos reflexos indiretos nem toda a sociedade, provocando o aumento do alcoolismo, do uso de drogas, da violência doméstica, sem falar na qualidade do atendimento ao público nos bancos, que também reflete o ambiente interno de trabalho”, enumerou.
A procuradora Larissa Leal ressaltou a necessidade de consciência das instituições bancárias e lembrou que o Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia possui um canal de comunicação aberto, em parceira com o Sindicato dos Bancários, onde efetua-se o recebimento de denúncias. Através de comprovações e instauração de inquéritos civis, são realizada investigações que procuram promover um ambiente de trabalho mais sadio. "Afinal, trabalho é dignidade para todos”, concluiu.
Estiveram presentes no evento os representantes da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, o diretor de Saúde Fernando Dantas, do Sindicato da Bahia, da Federação Nacional dos Bancos, do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, do Ministério do Trabalho e Emprego e do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Durante o ato, foi distribuída a cartilha "Assédio moral em estabelecimentos bancários", lançada nacionalmente pelo Ministério Público do Trabalho neste mês (download).
Para Fernando Dantas, o assédio moral é consequência da forma de organização dos bancos, que exige cumprimento de metas, prorrogação do horário de serviço e venda de produtos até depois da jornada de trabalho. A Federação, juntamente com os sindicatos, têm dado atendimento aos bancários e promovido ações individuais e coletivas junto ao MPT para combater o assédio.
Com informações do MPT 5a Região
