O trabalhador público e a crise atual
Esta crise mundial do capitalismo está desestabilizando diversos países, notadamente os países europeus e norte americano. Segundo Marcio Pochmann, esta crise apresenta-se como a primeira a se manifestar no contexto do capital globalizado. Nela, ao contrário do que apregoava o ideário neoliberal, para quem o Estado era parte dos problemas da sociedade, o Estado é visto, hoje, como parte fundamental para a solução dos problemas.
Com o objetivo de superação de crises tem-se adotado sempre uma
mudança no tratamento das contas públicas de forma a reduzir o tal
déficit público. Desta forma, em relação à redução do gasto público, são
sempre recomendadas, pelos organismos multilaterais como o FMI e Banco
Mundial, medidas de redução do tamanho e do custo do setor público,
especialmente no que se refere ao quadro de pessoal, através de
programas de privatização, terceirização e outros como vem ocorrendo na
Europa e, na melhor das hipóteses, a orientação é a estagnação salarial
dos trabalhadores públicos, por meio de seu “congelamento”, como vem
ocorrendo no Brasil em 2011.
Esta política de não recomposição
salarial tem atingido um contingente muito expressivo, de cerca de
9.399.738 trabalhadores públicos, sendo 5 milhões de trabalhadores
municipais 3.508.835 de trabalhadores públicos estaduais e 947.936
trabalhadores públicos federais, segundo dados do IPEA (2011) .
Já
as recomendações de demissões e terceirização, mesmo fracassadas nos
países da America latina, continuam sendo a tônica na Europa como
acontece na Grécia e Portugal. No entanto, a instabilidade pode ser
notada em toda Europa e America, não tem impedido que aconteçam
manifestações gigantescas em vários países, e, na sua maioria
defendendo elementos essenciais como: emprego e direitos sociais. Estes,
antes mantidos pelo Estado e, hoje, com a crise, estão privatizados ou
tendo sua abrangência reduzida a uma pequena parcela da população
dificultando, assim, o acesso de todos aos serviços prestados pelo
Estado. A eliminação ou mesmo a redução dos serviços públicos e,
consequentemente, as demissões em massas, demonstra que o capital vê nos
serviços públicos a bola da vez para manter seus ganhos. Temos que
estar preparados para nos defendermos de possíveis ações que possam ser
adotadas pelo Brasil, com argumentos para superar ou mesmo minimizar os
reflexos da crise.
Até o presente momento, no Brasil, como solução para os problemas
da crise, o Estado passou a desempenhar papel fundamental, alocando
recursos públicos em apoio a investimentos de infraestrutura, (energia e
habitação), como as obras do PAC e do programa minha casa minha vida
que proporcionou um elevado numero de novos empregos, além de um novo
incremento dos chamados programas de redistribuição de renda como a
bolsa família.
Neste contexto, também, o serviço público e o
trabalhador público passaram a ter um outro conceito, agora não mais
como os grandes vilões chamados de “marajás” “aproveitadores”. O
trabalhador dos serviços públicos, mesmo com todas as dificuldades
vivenciadas ao longo dos anos de neoliberalismo em nosso país, esta se
reorganizando com êxito. Também os governos municipais, estaduais e
federal, tem realizados contratações. Estas contratações são essenciais
para manter os padrões de qualidade aos serviços
Nas esferas
municipal e estadual, que hoje são castigadas por gestores, que na sua
sagaz vontade de demonstrar seus trabalho, contrata trabalhadores de
forma precarizada, ou terceiriza serviços imprescindíveis para a
população, rebaixando salários de profissionais e tendo, como
conseqüência imediata, uma queda na qualidade da prestação de serviços a
população.
Mas nem tudo são flores para os trabalhadores dos serviços públicos.
Na
ânsia por reduzir custos os governos reduzem serviços públicos na
contramão do aumento da populacional, ou seja, redução dos serviços e
maior numero de usuários, obrigando a população ao extremo de ser
obrigada a entrar com ação judicial para garantir espaço em hospital,
creche, escola, entre outros, como única forma de ter acesso a estes
serviços.
Também na esfera Federal, em que pese ser o carro
chefe das varias políticas sociais públicas, destinadas à população, o
governo ainda mantém uma lógica equivocada quando não valoriza seus
trabalhadores com uma política salarial e carreiras que permitam o seu
pleno desenvolvimento.
Nesse período em que comemoramos o dia do
Trabalhador do Serviço Publico, a CTB conclama os trabalhadores em
geral e, em especial os trabalhadores que atuam nas três esferas de
poder e de governo, a debaterem a forma inescrupulosa de precarização do
trabalho e lutar contra a terceirização dos serviços públicos. E assim
denunciarmos a toda população que, embora a constituição de 1988 tenha
garantido o direito de sindicalização e de greve ao servidor público e o
Congresso Nacional tenha aprovado a ratificação da convenção 151 da
Organização Internacional do Trabalho que institui negociação coletiva
no serviço público, estes direitos ainda não foram regulamentados, o que
tem causado um enorme prejuízo a todos os trabalhadores do setor
público, quando não dá a eles as prerrogativas de todo trabalhador.
Sugerimos que em todos estados seja deflagrada uma campanha em defesa
dos Serviços e do Trabalhador do Publico com a garantia de data base e o
estabelecimento do direito a negociação coletiva, como a única forma de
manter um Estado eficiente e que sirva de mola propulsora para o
desenvolvimento de um país voltado para as classes trabalhadoras.
Fátima dos Reis e João Paulo Ribeiro (JP) - Secretaria de Serviço Público e do Trabalhador Público da CTB Nacional