Centrais e governo inauguram Mesa ampla de negociações
O governo federal inaugurou nesta quinta-feira (5), em Brasília, um
importante canal de comunicação com a classe trabalhadora do país, ao
receber as seis centrais sindicais (CTB, CGTB, Força, Nova Central, CUT e
UGT) e montar uma Mesa de Negociações que se reunirá periodicamente
para discutir os grandes temas políticos, econômicos e trabalhistas
brasileiros.
Em abril, em reunião das centrais com Dilma
Rousseff, logo depois da votação do projeto de lei que implantou a
política do salário mínimo, a presidenta comprometeu-se a realizar mesas
de negociações permanentes entre membros do governo e sindicalistas,
com o propósito de analisar suas reivindicações e buscar soluções
conjuntas.

Gilberto Carvalho recebe os sindicalistas em Brasília: disposição em dialogar
Pela CTB, acompanharam a reunião o secretário-geral Pascoal
Carneiro e o secretário de Políticas Institucionais, Joílson Cardoso,
além do deputado federal Assis Melo. Todas as centrais puderam
apresentar suas reivindicações ao governo, com base nas propostas
firmadas durante a Conclat, em junho de 2010.
Por parte do
governo federal, o ministro Gilberto Carvalho aproveitou a ocasião para
apresentar oficialmente o ex-vice presidente da CUT, João Lopes Feijó,
como interlocutor da Secretaria-Geral da Presidência da República junto
às centrais.
A reunião foi iniciada com dois novos pontos de
pauta trazidos à Mesa por Carvalho: a participação das centrais nos
debates sobre a erradicação da miséria e também nas discussões sobre
empreendedorismo e geração de novos empregos. Além disso, os
representantes do governo federal se comprometeram a elaborar um
calendário para que cada um dos temas principais da pauta sindical seja
discutido por uma Mesa específica de negociações.
Pauta das centrais
No
total, as pautas levadas pelas centrais à Mesa de Negociação se resumem
em sete pontos: fator previdenciário, terceirização, resoluções 151 e
158, práticas antissindicais, redução da jornada de trabalho e política
macroeconômica.
Além desses pontos, os sindicalistas também
trouxeram para o debate, de forma mais pontual, os temas do trabalho na
construção civil por todo o país, as reformas tributária, política e
agrária, aposentadoria e pensões, a questão do trabalho decente e a
constituição de mesas de negociação para tratar de assuntos que estão na
pauta do dia, como a privatização dos aeroportos.
A CTB também
pautou outros três importantes temas: a questão da saúde do trabalhador
(como as doenças ocupacionais), os problemas decorrentes do acidentes de
trabalho e a necessidade de ampliar a transparência nas discussões
sobre a desoneração da folha salarial, que devem contar com a
particpação dos trabalhadores.
Fator previdenciário
As
centrais reafirmaram seu posicionamento pela derrubada do veto do
ex-presidente Lula, que no ano passado impediu a extinção do fator
previdenciário. A CTB reafirmou sua posição pelo fim desse instrumento,
mas o governo voltou a apresentar a proposta da fórmula chamada “85/95” e
deixou o debate em aberto.
Na reunião que as centrais realizarão
na próxima segunda-feira (9), em São Paulo, o tema voltará a ser
discutido, com mais profundidade. De qualquer forma, os sindicalistas
voltarão a tratar exclusivamente desse tema com o governo no dia 2 de
junho, em Brasília.
Terceirização
Os
representantes das centrais voltaram a cobrar do governo regrar rígidas
para que a prática da terceirização encontre limites. Os sindicalistas
lembraram que existe um projeto para esse fim na Casa Civil, e pediram
agilidade em seu envio para a Câmara dos Deputados, onde já circulam há
algum tempo os PL 4302-99 e 4330-04, que vão na contramão dos interesses
da classe trabalhadora.
Convenções 151 e 158 da OIT
As
centrais solicitaram junto ao governo mesas de negociações específicas
para tratar desses dois temas. Em relação à resolução 151, que trata da
proteção do direito de sindicalização e dos procedimentos sobre
condições de emprego no serviço público, a CTB pediu urgência para que o
governo a regularize antes de 30 de junho. Nesse ponto, houve a criação
de dois blocos entre as centrais: de um lado a CUT; do outro as demais
entidades.
Em relação à Convenção 158, cuja resolução poderá
combater a alta rotatividade do emprego no Brasil, as centrais pediram
auxílio do governo para que sua tramitação no Supremo Tribunal Federal
seja agilizada, já que existe uma ação que questiona sua aplicação.
Redução da jornada de trabalho
A
questão da redução da jornada para 40 horas semanais também foi tema da
reunião. As centrais destacaram o apoio recebido no último dia 1º de
Maio pelo presidente da Câmara, Marco Maia, no sentido de agilizar a
discussão desse tema no Congresso Nacional. Os sindicalistas pediram por
parte do governo uma disposição maior de enfrentar a correlação de
forças que tal ponto envolve.
Práticas antissindicais
Os
sindicalistas também requisitaram uma mesa específica para tratar desse
assunto, com caráter de urgência. As centrais lembraram de denúncias
rotineiras que impedem os trabalhadores de se organizarem por todo o
país e pediram um posicionamento do governo. Para combater esses
problemas, a reunião da próxima segunda-feira discutirá a redação de um
Projeto de Lei para ser apresentado ao Congresso.
Avanços e a polêmica da contribuição sindical
Mais
uma vez, a CUT aproveitou a reunião com o governo para ratificar sua
posição contra a contribuição sindical. Imediatamente, as demais cinco
centrais se posicionaram contra essa postura, e destacaram a grande
insegurança jurídica que tal decisão acarretaria.
Apesar de
alguns pontos nos quais não existe consenso entre as seis centrais, os
representes da CTB fizeram uma avaliação positiva sobre o encontro com o
governo.
O secretário-geral Pascoal Carneiro definiu a reunião
como “excelente” e destacou a disposição do governo em formular um
calendário para debater cada um dos temas propostas pelos sindicalistas.
“Foi muito importante esse primeiro passo, pois definimos nossas
prioridades e tivemos a garantia de que os pontos tratados serão
acolhidos pelo governo”, disse.
O secretário Joílson Cardoso
também se mostrou satisfeito com os resultados da conversa com o
governo. “O encontro inaugurou essa interlocução e sem dúvida foi algo
de grande importância. O governo sempre realizou mesas dessa natureza
com os empresários. É justo, portanto, que o governo também incorpore os
anseios da classe trabalhadora”, disse o dirigente.
Portal CTB

