Bancos mudam os ganhos
Situação parecida, conforme levantamento do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), pode ser verificada nos resultados do Itaú, Unibanco e Real. A perspectiva é de que a rentabilidade do setor bancário continue batendo recordes nos próximos anos. Segmento de crédito, como o imobiliário, que tem apresentado considerável crescimento, devido à queda das taxas de juros e alongamento de prazo de pagamento, ainda tem muito espaço para avançar.
Segundo o analista do setor bancário da Agora Corretora, Aloísio Lemos, antes da implementação do Plano Real, o lucro das instituições financeiras era superficialmente alavancado devido à hiperinflação. Com a estabilidade da moeda, feita às custas de elevadas taxas de juros, os bancos passaram a comprar títulos públicos para garantirem rentabilidade sem correr risco. "Hoje, com a estabilidade econômica e a queda dos juros, o crédito está ganhando corpo. Paralelamente, os bancos buscam as receitas de prestações de serviços", afirma.
Apesar das críticas quanto à elevada quantidade de tarifas, o analista afirma que, atualmente, essas receitas têm grande peso nas finanças e, dificilmente, as instituições financeiras abrirão mão delas. A redução nas tarifas depende de maior competição no setor, que é altamente concentrado. "Não enxergo um cenário diferente a não ser que tenha competição entre os bancos. O limite será dado pelo consumidor", frisa Lemos. "Não se elimina tarifas por decreto", acrescenta.
O analista de bancos do Inepad, Vinícius Castilho, diz que os ganhos com tarifas e com títulos públicos pelos bancos são garantidos. Mas, para assegurar uma maior rentabilidade e os lucros recordes, os bancos estão aumentando o volume de recursos destinado ao crédito. "As tarifas não são bem uma resposta para ter lucro. O que tem garantido isso é a alavancagem do crédito. As instituições financeiras estão preferindo correr um pouco de risco para conseguir um prêmio maior ao emprestar para pequenas e micro-empresas, por exemplo", ressalta Castilho.