Após cobrança, bancos aceitam negociar monitoramento do trabalho remoto
Em reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta quinta-feira (25/9), em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários cobrou a abertura de uma mesa de negociação específica para discutir o uso de tecnologias no monitoramento do trabalho remoto. O tema já havia sido pautado nos acordos de teletrabalho e na mesa de Inteligência Artificial (IA), mas ganhou evidência depois que o Itaú demitiu mais de 1.000 funcionários que trabalhavam remotamente, alegando inatividade durante a jornada.
As demissões sem aviso prévio, inclusive de bancários que haviam sido premiados e promovidos pelo desemprenho, sem advertência, explicação ou direito de defesa, revelou a falta de transparência do monitoramento do trabalho remoto.
Na mesa, o Comando apresentou exemplos de negociações a respeito do uso de IA e novas tecnologias para a contratação e avaliação de trabalhadores em outros países, que resultaram em acordos que garantem o direito à transparência, além do acesso dos trabalhadores ao uso dessas tecnologias e da contestação dos resultados das avaliações e do feedback da empresa.
O Comando destacou ainda a necessidade da preservação do home office como modo de trabalho e a necessidade de que haja negociação coletiva efetiva, assim como a necessidade da promoção da governança ética da tecnologia, sem a invasão da privacidade dos trabalhadores.
Após os debates, a Fenaban e o Comando divulgaram uma nota conjunta sobre o tema. Confira a nota:
“Em reunião realizada nesta data (25/09), o movimento sindical e a Fenaban discutiram aspectos do monitoramento do trabalho remoto.
As partes deliberaram pela abertura de mesa específica de negociação, com definição de calendário de reuniões e desenvolvimento de análises sobre o tema, visando à construção coletiva setorial.
Reiteraram, ainda, os princípios que têm norteado as negociações coletivas do setor, inclusive sobre teletrabalho: transparência, respeito à privacidade e governança ética.”
Para a presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Andréia Sabino, abertura da mesa é uma vitória importante do movimento sindical. “Essa negociação é fundamental para tratar da proteção dos trabalhadores diante do avanço das novas tecnologias. O uso de ferramentas de monitoramento no teletrabalho pode significar controle excessivo, invasão de privacidade e aumento da pressão sobre os bancários. Ao abrir esse debate, vamos lutar para que os interesses da categoria sejam ouvidos, buscando equilibrar inovação tecnológica com respeito à dignidade, à saúde e aos direitos trabalhistas. Isso é urgente e não podemos mais esperar”, destacou.
Além de Andréia, o presidente do Sindicato da Bahia, Elder Perez, e o presidente do Sindicato de Sergipe, Adilson Azevedo, também participaram da negociação com a Fenaban.