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Outubro Rosa 2022

Bancários do SEEB-BA votam pela saída da CUT

Com maioria esmagadora, os bancários aprovaram em assembléia a desfiliação do Sindicato da Bahia da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A decisão foi tomada ontem, no Ginásio de Esporte da entidade.
O presidente do SBBA, Euclides Fagundes, presidiu a assembléia que, além da desfiliação, elegeu os 40 delegados da base do Sindicato para participar do congresso da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, em Salvador, no dia 24 de novembro, com o intuito de aprovar a saída da federação da CUT.
O representante da Contraf, Sérgio Braga, participou da assembléia incumbido de defender a permanência do Sindicato na CUT. "O Sindicato dos Bancários, que é um dos maiores do Estado, deve permanecer filiado a CUT. Devemos unir forças para defender os interesses dos trabalhadores brasileiros", argumentou.
O vereador Everaldo Augusto, ex-presidente da CUT na Bahia, fez uma explanação defendendo a desfiliação. "Está na hora de o movimento sindical avançar. A criação da central, classista e democrática, vem para somar e ajudar as forças trabalhistas brasileiras", disse. Após as argumentações, os bancários votaram e decidiram pela saída do SSBA da CUT.
Para o presidente da CUT na Bahia, Martiniano Costa, a decisão foi um equívoco. "Do ponto de vista político foi um erro. Pulverizar forças não significa avançar. O objetivo da CUT é a união sindical para avançar nos trabalhos. Nasce mais uma central e esperamos que venha a unir forças com as outras para lutar pelos trabalhadores", falou.
Segundo Euclides Fagundes, a desfiliação é importante para a categoria. "Nas últimas campanhas salariais, estavam claro as divergências do movimento sindical nas discussões e a posição adota pela CUT. Com a saída, a CUT vai precisar repensar as atitudes, no sentido de tomar um outro rumo, lutar por sindicalismo autônomo e, com a CTB, criar um movimento que faça avançar os trabalhos", salientou.
O presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Eduardo Navarro, mostrou-se satisfeito com a decisão tomada. Disse que o próximo passo é a construção da CTB para preencher o vazio deixado pela CUT.
O deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB-BA) esteve presente na assembléia e parabenizou a "importante decisão de desfiliação da CUT, para construir uma nova central e avançar nos trabalhos sindicais na sociedade".


Central perdeu a independência
Criada em 1983 como uma entidade combativa, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) apostava na luta e defendia propostas radicais para transformar a sociedade brasileira, assim como na época atuava o PT. Mas, com o tempo, o comportamento mudou. Ficou mais moderada. Afastou-se ao máximo das posições de classe e se aproximou de uma feição social-democrata.
Exemplos não faltam. Em 1996, a CUT defendeu um acordo da Previdência que prejudicou muito os trabalhadores. Passou a defender o chamado "sindicato cidadão", com ênfase no tripartismo, câmaras setoriais e a negociação, deixando em segundo plano a mobilização e a luta. Após a reeleição de Lula, a situação só se agravou. Ao invés de ampliar sua influência entre os trabalhadores, a CUT reforçou o hegemonismo e a tendência à institucionalização, comprometendo a autonomia diante do governo. O resultado não poderia ser outro: perdeu importantes bases, principalmente entre as correntes não petistas.
A construção da CTB, neste sentido, responde à necessidade de parte do movimento sindical brasileiro que sempre esteve comprometido com os reais anseios dos trabalhadores, independentemente de governos.
A saída da CUT não é uma decisão unilateral, mas fruto de um amadurecimento histórico. Se a CUT se fechou em concepções exclusivistas e antidemocráticas da força majoritária, a CTB tem a responsabilidade e o desafio de fazer valer a luta classista. Melhor para os trabalhadores.

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