Morte de ACM põe fim a uma era de autoritarismo e opressão na Bahia
O senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) morreu às 11h40 de hoje (20/07), aos 79 anos, em São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos secundária à insuficiência cardíaca. ACM estava internado no InCor-SP (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas, desde o dia 13 de junho, quando deu entrada para tratar de complicações renais e cardíacas. O senador, que completaria 80 anos em 4 de setembro, deixa a mulher, Arlete, e os filhos Antonio Carlos Magalhães Júnior e Teresa Helena Magalhães Mata Pires. Outros dois filhos de ACM já morreram: Luís Eduardo Maron de Magalhães e Ana Lúcia Maron de Magalhães.
Fim de uma era - A morte do senador ACM põe fim a uma era de autoritarismo, opressão e medo na Bahia. Seus métodos como político, desde quando serviu ao Regime Militar a partir de 1964, revelavam truculência e arrogância tanto com inimigos e aliados. O modo de governar, com obras vistosas e grande marketing, dava preferência aos interesses econômicos próprios e do grupo que o cercava ou bajulava. ACM morreu em seu pior momento político, em decadência, com grande derrotas, como a vitória de Jaques Wagner, em 2006, ao governo do estado da Bahia.
Carlismo - O predomínio local do carlismo teve sua ascensão em 1990, quando ACM foi eleito governador da Bahia pela terceira vez e passou a ditar as regras na política estadual. Quatro anos antes, o atual ministro Waldir Pires (Defesa) havia derrotado o jurista Josaphat Marinho, apoiado por ACM. A partir de 1990, todos os candidatos que venceram eleições ao governo da Bahia tiveram apoio de ACM - Paulo Souto (1994 e 2002) e César Borges (1998), ambos do ex-PFL atual DEM. Além disso, o grupo carlista também monopolizava as três vagas da Bahia para o Senado desde 1994.
Em 2001, a força do carlismo se espalhou por toda a Bahia. Das 417 prefeituras do Estado, 395 apoiavam o então governador César Borges, afilhado de ACM. O carlismo sofreu sua maior derrota em 2006, quando Paulo Souto perdeu o governo para Jaques Wagner (PT). Na ocasião, ACM chegou a criticar àqueles que decretavam o fim do carlismo. ''Vocês verão o desastre que será o governo baiano e a volta triunfal do carlismo na Bahia. O carlismo é uma legenda que não se apaga, queiram ou não os cronistas políticos'', disse ACM.
A influência do carlismo também rompeu as fronteiras da Bahia e chegou ao Palácio do Planalto. Depois assumir o Ministério das Comunicações no governo do presidente José Sarney (1985-1990), ACM manteve sua influência na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).
Com informações da Folha Online e Vermelho

