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Outubro Rosa 2022

Trabalhadores dos correios decidem continuar greve

Continua por tempo indeterminado a greve dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que teve início no último dia 1º. Houve uma perspectiva para um desfecho do movimento na reunião desta segunda (07), no Tribunal Superior do Trabalho (TST), entre os representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) e da direção da estatal, mas nenhum acordo foi fechado.



Trabalhadores aguardam negociação em frente ao TST

Segundo o comando de greve o movimento já atinge a quase 50% de todo o efetivo dos Correios no país. No último dia 4, o TST concedeu liminar à ECT determinando que a Fentect mantenha no mínimo 50% dos empregados nas unidades da empresas para garantir os serviços. A Federação recorreu da decisão.


O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Rider Nogueira Brito, propôs intermediar as negociações entre as partes até o final deste mês com a condição de que fosse suspenso o  movimento. Os trabalhadores aceitaram a intermediação mas exigiram que a empresa suspendesse o Plano de Carreiras Cargos e Salários (PCCS) para discutir ponto por ponto no dissídio coletivo. Com a negativa da ECT, eles decidiram continuar a greve.


Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos do Distrito Federal (Sintect-DF), Moisés Leme, no governo federal a estatal é a que mais pratica injustiça social e salarial. Segundo ele, 70% da folha de pagamento é direcionada para os salários das chefias que ganham entre R$ 4 mil a R$ 27 mil. "O restante de 30% é dividido para os 90 mil trabalhadores que na sua maioria recebe o piso de R$ 603,00", diz.


Moisés Leme afirmou que ficou claro na reunião no TST que a empresa possui dois PCCS, sendo que o primeiro atinge em torno de 80 mil a 90 mil trabalhadores e o outro engloba os poucos que possuem os maiores salários. O novo plano que atinge a maioria, segundo o sindicalista, mantém o mesmo piso, retira direitos, aumenta o poder da direção nacional e cria novas funções.


O movimento também cobra o cumprimento de um acordo assinado em novembro do ano passado, com o aval do ministro Hélio Costa (Comunicações) e do presidente Lula, que garantiria para a categoria o adicional de risco, o PCCS e participação nos lucros da empresa. Os trabalhadores reclamam que nada do acordo foi efetivado.


A cota d'água foi a suspensão do pagamento do adicional depois de 90 dias. Por conta disso, em abril foi deflagrada uma greve nacional. Na ocasião, o presidente do Sintect-DF, entidade filiada à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), lembrou que Hélio Costa disse que abriria mão do cargo caso o acordo não fosse cumprido.


Isso resultou na assinatura de um novo termo com o prazo de 90 dias para incorporar o adicional definitivamente e negociar o PCCS. "A empresa na calada da noite encaminhou ao Ministério do Planejamento um plano de carreira que não atinge todos os trabalhadores, isso eu nunca vi na minha vida, coisa absurda, ilegal e imoral", protestou o dirigente.


Por meio da sua página na Internet, a ECT diz que todos os esforços foram empenhados para atender as reivindicações dos trabalhadores, "sem ferir a legislação vigente". Numa primeira etapa, a empresa explicou que pagou o abono emergencial para 43.988 trabalhadores e a partir de junho implantou os adicionais.


"Em termos salariais, os ganhos dos empregados da ECT, especialmente aqueles nos cargos de nível básico e médio, entre os anos de 2003 e 2007, foram superiores aos reajustes do salário mínimo e do INPC. Para se ter uma idéia, enquanto o INPC acumulado do período foi de 40,2%, os salários da categoria aumentaram 118,12%. Ou seja, o aumento do salário-base foi três vezes superior ao reajuste do INPC", defende-se a empresa.


De Brasília,

Iram Alfaia



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