Banqueiros não querem abrir mão da agiotagem e choram de barriga cheia

Os juros médios incidentes sobre
cheque especial e nas linhas de crédito pessoal subiram no mês passado
em comparação com fevereiro, segundo pesquisa divulgada nesta
quarta-feira (11) pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac). Na média, a taxa cobrada às
pessoas físicas ficou em 6,33% ao mês ou 108,87% ao ano, quase 11 vezes
superior à Selic, que foi reduzida a 9,75% pelo Comitê de Política
Monetária do BC no dia 7 de março.
Tecnicamente, como denunciou a
presidenta, não há justificativa para esta conduta dos bancos, que
traduz uma espécie de agiotagem institucionalizada. O governo não ficou
nas palavras. Determinou aos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal) a redução das taxas para quebrar o oligopólio
constituído no ramo em torno das taxas exorbitantes e forçar a
concorrência.
A oligarquia da agiotagem não gostou.
Chorando de barriga cheia, os bancos privados alegam que não têm
condições de reduzir o spread sem uma contrapartida do governo e
apresentaram ao Ministério da Fazenda uma lista de 20 reivindicações,
entre elas a desoneração tributária da intermediação financeira (IOF e
Confins) e a redução gradativa dos depósitos compulsórios.
Ora, quem precisa de contrapartida nas
medidas adotadas pelo governo em benefício dos empresários é a classe
trabalhadora, sobre quem os capitalistas descarregam praticamente todo o
ônus da crise, com demissões, redução de direitos e de salários e
alongamento das jornadas. O mínimo que se deve fazer para minorar o
sofrimento das famílias trabalhadoras, em tais ocasiões, é garantir o
emprego, compromisso que o empresariado não quer assumir.
A verdade é que os banqueiros,
embriagados pela ganância, não querem abrir mão sequer de um centavo dos
lucros colossais que auferem e mal disfarçam o desejo de abocanhar um
pouco mais forçando novas renúncias fiscais da União. Conforme
levantamento da consultoria Economática, divulgado nesta quarta (11), o
lucro do setor bancário brasileiro, que reúne 25 instituições
financeiras, bateu novo recorde em 2011: foi de R$ 49,4 bilhões, com
alta de 14% na comparação com 2010.
Conforme a Economática, tal
desempenho, num ano em que a indústria de transformação praticamente
estagnou (com crescimento pífio de 0,3%), corresponde ao maior lucro
acumulado entre as empresas de capital aberto do país. No conjunto, as
empresas analisadas registraram uma queda de 2,64% no lucro. Ou seja,
graças aos juros extorsivos, os bancos engordaram os ganhos num ano
crítico para a economia. É muito mais rentável investir no sistema
financeiro que na produção.
A iniciativa dos bancos públicos, que
já anunciaram a redução das taxas para várias modalidades de crédito,
mostra que o chororô dos bancos privados não procede. O pronunciamento
da presidenta contra a ganância excessiva da nossa oligarquia financeira
merece todo apoio da nossa classe trabalhadora. A CTB continuará
lutando, ao lado das outras centrais e amplas parcelas da nossa
sociedade, para a redução da taxa básica dos juros, dos spreads abusivos
e dos lucros auferidos pelo sistema financeiro em detrimento do consumo
e da produção.
Wagner Gomes é presidente nacional da CTB