Uma medida que merece o apoio da classe trabalhadora
A CTB e demais centrais sindicais não têm poupado críticas à política econômica do governo, que mantém a economia nacional prisioneira dos juros altos, câmbio flutuante e superávit primário. Mas também não negamos nosso apoio às medidas orientadas para um caminho justo, que contemplam as demandas da nossa classe trabalhadora e estão em sintonia com os interesses nacionais.
É
o caso da elevação do Imposto sobre Produtos Importados (IPI) para
carros que não sejam provenientes do Mercosul ou do México. Além de
automóveis de passeio, a medida atinge caminhões, camionetes e veículos
comerciais leves, ficando livres do ônus as empresas que realizam
investimentos em tecnologia no Brasil e usam pelo menos 65% de
componentes nacionais na fabricação dos carros.
O
objetivo do governo é proteger a produção local e, por extensão, o
emprego. Monopolizado por um pequeno grupo de multinacionais, o ramo
automobilístico anda concedendo férias coletivas aos operários, que têm
razões de sobra para temer demissões em massa. A experiência nos ensina
que, em época de crise, quem mais sofre é a classe trabalhadora, seja
com o desemprego, o rebaixamento dos salários ou a supressão de
direitos. Em 2008 vivemos um processo parecido.
Mas
a indústria automobilística ainda não foi afetada diretamente pelo
aprofundamento da crise na Europa e nos Estados Unidos. O comércio de
automóveis não recuou e ainda cresce. Porém, o mercado interno vem sendo
cada vez mais abastecido por importações, que avançaram 112,4% entre
janeiro a agosto deste ano.
O
ambiente de crise, marcado pela contração do consumo nos países mais
ricos, acirrou a concorrência internacional e as multinacionais aqui
instaladas estão perdendo terreno para montadoras estrangeiras,
sobretudo chinesas, e operando com excesso de estoques. A concessão de
férias coletivas foi a primeira providência para adequar a produção à
demanda. O passo seguinte, pela lógica capitalista que orienta as
empresas privadas, seria a demissão.
A
elevação do IPI, que pode significar um aumento de 30% no preço final
do veículo importado, tende a resgatar e mesmo ampliar a participação
das empresas instaladas no Brasil no mercado doméstico. Esperamos que,
com isto, o risco de desemprego no ramo seja afastado e os operários
possam trabalhar sem temer o facão.
A
CTB defende, com as demais centrais, que medidas do gênero, que
beneficiam em primeiro lugar as grandes empresas, devem ser
necessariamente condicionadas a contrapartidas sociais como a
estabilidade no emprego e novas contratações.
No
caso da indústria automobilística é o caso de exigir também a redução
ou mesmo retenção das remessas de lucros e dividendos ao exterior, de
modo que o investimento do excedente extraído em nosso país pelas
multinacionais do ramo seja obrigatoriamente realizado em atividades
locais, servindo ao crescimento do PIB e do emprego e priorizando o
desenvolvimento e transferência de tecnologia.
Wagner Gomes é presidente nacional da CTB
A CTB e demais centrais sindicais não têm poupado críticas à política
econômica do governo, que mantém a economia nacional prisioneira dos
juros altos, câmbio flutuante e superávit primário. Mas também não
negamos nosso apoio às medidas orientadas para um caminho justo, que
contemplam as demandas da nossa classe trabalhadora e estão em sintonia
com os interesses nacionais. É o caso da elevação do Imposto sobre Produtos Importados (IPI) para carros que não sejam provenientes do Mercosul ou do México. Além de automóveis de passeio, a medida atinge caminhões, camionetes e veículos comerciais leves, ficando livres do ônus as empresas que realizam investimentos em tecnologia no Brasil e usam pelo menos 65% de componentes nacionais na fabricação dos carros.
O objetivo do governo é proteger a produção local e, por extensão, o emprego. Monopolizado por um pequeno grupo de multinacionais, o ramo automobilístico anda concedendo férias coletivas aos operários, que têm razões de sobra para temer demissões em massa. A experiência nos ensina que, em época de crise, quem mais sofre é a classe trabalhadora, seja com o desemprego, o rebaixamento dos salários ou a supressão de direitos. Em 2008 vivemos um processo parecido.
Mas a indústria automobilística ainda não foi afetada diretamente pelo aprofundamento da crise na Europa e nos Estados Unidos. O comércio de automóveis não recuou e ainda cresce. Porém, o mercado interno vem sendo cada vez mais abastecido por importações, que avançaram 112,4% entre janeiro a agosto deste ano.
O ambiente de crise, marcado pela contração do consumo nos países mais ricos, acirrou a concorrência internacional e as multinacionais aqui instaladas estão perdendo terreno para montadoras estrangeiras, sobretudo chinesas, e operando com excesso de estoques. A concessão de férias coletivas foi a primeira providência para adequar a produção à demanda. O passo seguinte, pela lógica capitalista que orienta as empresas privadas, seria a demissão.
A elevação do IPI, que pode significar um aumento de 30% no preço final do veículo importado, tende a resgatar e mesmo ampliar a participação das empresas instaladas no Brasil no mercado doméstico. Esperamos que, com isto, o risco de desemprego no ramo seja afastado e os operários possam trabalhar sem temer o facão.
A CTB defende, com as demais centrais, que medidas do gênero, que beneficiam em primeiro lugar as grandes empresas, devem ser necessariamente condicionadas a contrapartidas sociais como a estabilidade no emprego e novas contratações.
No caso da indústria automobilística é o caso de exigir também a redução ou mesmo retenção das remessas de lucros e dividendos ao exterior, de modo que o investimento do excedente extraído em nosso país pelas multinacionais do ramo seja obrigatoriamente realizado em atividades locais, servindo ao crescimento do PIB e do emprego e priorizando o desenvolvimento e transferência de tecnologia.

Wagner Gomes é presidente nacional da CTB