Repressão matou 144 sindicalistas em 2006, diz relatório
Segundo o documento, mais de 800 sindicalistas foram submetidos a violência ou tortura, quase 5 mil foram presos e mais de 8 mil foram demitidos por suas atividades. A Colômbia foi considerada o país mais violento para a atividade sindical - registrou 78 das 80 mortes de todo o continente americano. "É preocupante a evidência de implicação oficial nos assassinatos, como se depreende das revelações de um ex-chefe do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), indicando que o DAS havia informado a grupos paramilitares os nomes de 23 dirigentes sindicais - a maioria dos quais foram assassinados ou se viram obrigados a se esconder diante de ameaças de morte", critica o relatório. A confederação não tem dados específicos sobre o Brasil - mas, em sua análise, a entidade considerou que não houve melhora no quadro de violações de direitos sindicais durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A violência rural e os conflitos por terra continuam, e em agosto dois dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foram assassinados em Pernambuco." O relatório acusou a Secretaria Estadual de Educação do Paraná de violar os direitos de professores, depois que o órgão abriu processo administrativo contra oito líderes sindicais alegando abandono do cargo e faltas no trabalho.
Outro caso negativo foi o da Unilever, que utilizou a Polícia Militar de São Paulo para intimidar trabalhadores em greve em dezembro do ano passado. "Cerca de 20 veículos e 60 policiais militares com armas longas, em atitude intimidatória, e revólveres na cintura filmavam sindicalistas, militantes e trabalhadores quando chegavam de ônibus à empresa", afirmou a CSI. Por outro lado, o relatório considerou positiva a postura da Volkswagen, que voltou atrás em sua decisão de demitir 1,8 mil trabalhadores em maio de 2006, abrindo negociações com os sindicalistas envolvidos. Piora O secretário-geral da CSI, Guy Ryder, considerou alarmante o aumento nas estatísticas que ilustram a repressão à atividade sindical. "Os trabalhadores e trabalhadoras que procuram melhoras suas vidas através das atividades sindicais enfrentam níveis crescentes de repressão e intimidação em cada vez mais países", ele afirmou. "O mais chocante de tudo é que, em comparação com o ano anterior, a quantidade de pessoas assassinadas aumentou por volta de 25%." Em 2005, 115 sindicalistas foram mortos. "Em muitos dos países que mencionamos no relatório, a repressão continuou durante o ano de 2007", disse Ryder. O continente asiático registrou o maior número de prisões e demissões devido à atividade sindical - 2,8 mil sindicalistas foram detidos e 4,8 mil perderam seu emprego no ano passado, afirmou o levantamento. Nas Filipinas, onde as autoridades declararam diversos sindicalistas "inimigos da nação", segundo o documento, pelo menos 33 mortes ocorreram em 2006 - menos apenas que na Colômbia. Na China, mais de cem trabalhadores foram presos por participar de protestos, estimou a CSI. "Há notícias de vários casos de militantes que têm problemas psicológicos devido a maus tratos na prisão." |