Com juros elevados, Banco Central freia economia e compromete geração de empregos
A divulgação da nova ata do Comitê de Política Monetária (Copom) escancara a estratégia do Banco Central de insistir em uma política de juros altos, mesmo diante de sinais claros de desaceleração econômica e recuo da inflação. A decisão de manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006, indica que a prioridade continua sendo o controle rígido da inflação, ainda que isso implique sacrificar o crescimento econômico e dificultar a recuperação do mercado de trabalho.
Mesmo com dados mostrando queda nos preços de alimentos e bens industriais, além de núcleos inflacionários mais comportados, o Copom reforça o discurso de que a atividade econômica segue “aquecida demais” e precisa ser contida. A consequência prática dessa visão é a imposição de uma freada no consumo, redução no crédito e aumento do desemprego, prejudicando sobretudo quem vive do trabalho.
O documento também deixa clara a intenção de manter esse patamar elevado por um longo período, repetindo diversas vezes o argumento de que as “expectativas estão desancoradas”. Isso, mesmo com projeções que apontam a inflação dentro da meta até 2026.
Para o Copom, sinais positivos como a geração de empregos formais e o aumento da renda das famílias parecem ser vistos como ameaças. O pleno emprego, ao invés de ser uma meta a ser alcançada, se tornou um problema a ser combatido. A lógica adotada transforma o avanço social em risco inflacionário, tratando o fortalecimento da economia real como algo a ser freado, não incentivado.
Enquanto outros países discutem cortes nos juros para evitar recessões, o Brasil volta a ocupar uma das posições de maior taxa real do mundo, ampliando o isolamento do país frente às principais economias. Mesmo com a melhora na arrecadação e contenção de preços internos, o Banco Central mantém uma postura inflexível, desconsiderando os efeitos sociais e econômicos dessa rigidez.
A atual condução da política monetária segue o mesmo caminho tecnocrático que marcou administrações anteriores, apostando em aumentos sucessivos de juros como única solução, mesmo quando os fundamentos econômicos sugerem outro rumo. Essa insistência, cada vez mais desconectada da realidade vivida pela população, impõe obstáculos ao desenvolvimento sustentável do país.
Fonte: Vermelho (https://vermelho.org.br/)