Na contramão, setor bancário continua demitindo
O mercado de trabalho formal no Brasil vive um momento de crescimento, com a geração de 201.705 postos de trabalho em junho e mais de 1,3 milhão no primeiro semestre de 2024, segundo dados do Ministério do Trabalho. Mas, o setor bancário, o mais lucrativo da economia, vai na contramão, com o fechamento de 482 postos de trabalho em junho e 1.020 no semestre. Em 12 meses, o número de vagas eliminadas é ainda maior, chegando a 2.352.

Os dados são da Pesquisa do Emprego Bancário de agosto, elaborada pelo Dieese com base nos dados do Novo Caged e divulgada nesta quinta-feira (22/8). O levantamento mostra que a redução de postos de trabalho no setor poderia ser ainda pior, se não fosse a abertura de vagas de Escriturário, via contratação do Banco do Brasil, no primeiro bimestre (+ 941 vagas). Nos meses seguintes, março até junho, foram extintas 1.961 vagas. “Neste sentido, apesar de não ser possível estabelecer dados precisos, o saldo negativo pode ser atribuído, especialmente, aos bancos privados”, observa o Dieese na pesquisa.
A entidade ressalta ainda que “a movimentação do emprego, segundo CNAE, mostra a concentração do saldo negativo nos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, que em 12 meses extinguiram 3.176 empregos bancários, reforçando a hipótese que os bancos privados são os responsáveis pelo fechamento de vagas no setor.”
No semestre, 10 estados apresentaram saldo positivo, sendo o Rio Grande do Sul responsável pela abertura de 132 postos. Em Sergipe também foram criados 27 empregos. Contudo, 16 estados acusaram fechamento de vagas. São Paulo é responsável pelo maior número de eliminação de postos de trabalho bancário (-480 vagas), seguido por Rio de Janeiro (-404) e Paraná (-204). Na Bahia foram fechados 37 postos de trabalho.
Sobre a distribuição da movimentação do emprego com recorte de gênero, para o primeiro semestre, identifica-se que o saldo negativo ocorreu exclusivamente entre as mulheres. No período, ocorreram 9.229 admissões de mulheres (número 18% inferior ao das contratações de bancários homens) e 10.498 desligamentos de mulheres (5% inferior às demissões dos homens), resultando em saldo negativo de 1.269 vagas. De maneira distinta, o saldo da movimentação para os homens foi positivo em 249 vagas.
No que diz respeito às diferentes faixas etárias, é observado que existe a criação de novas vagas para as faixas inferiores, até 29 anos, com ampliação de 4.510 postos de trabalho e eliminação de vagas para as faixas superiores, com fechamento de 5.330 vagas.
Os dados comprovam a falta de compromisso dos bancos com clientes, funcionários e o desenvolvimento do Brasil. Para os banqueiros, só o lucro importa.
