Presidente da CTB sugere a Lula redução dos juros e demissão de Meirelles
O presidente Lula se reuniu noite de quarta-feira (26) com os dirigentes das seis maiores centrais sindicais brasileiras, durante jantar realizado em Brasília, com o objetivo de debater a crise econômica irradiada dos EUA, que, conforme reconheceu, já está afetando a economia nacional. Na ocasião, o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes, cobrou de Lula a redução da taxa de juros e a imediata exoneração do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A CTB foi representada no jantar por Wagner Gomes, presidente, Pascoal Carneiro, secretário geral, e Mário Teixeira, da direção executiva. O presidente da República ressaltou a importância da reunião com os representantes da classe trabalhadora, admitiu que a crise já afeta economia brasileira, mas afirmou que o Brasil está mais preparado e em melhores condições que outros países considerados "emergentes" para enfrentá-la.
Sem medo de consumir
Lula reiterou a opinião que vem difundindo ao longo dos últimos dias segundo a qual o perigo maior da crise reside na possibilidade de que o trabalhador pare de consumir de um momento para o outro. Por isto, acredita o presidente, o trabalhador não deve sentir medo de consumir, "é preciso que os trabalhadores não deixem de consumir".
O presidente da CTB, por seu turno, ponderou que para que o trabalhador continue consumindo "é indispensável que ele mantenha o emprego". O desempregado deixa de receber salário e fica sem renda depois de demitido, portanto, ainda que anseie (como de fato ocorre) ele não terá condições de consumir.
Estabilidade
"Por isto", sustentou Gomes, "pleiteamos uma maior estabilidade no emprego e neste sentido consideramos urgente a ratificação da Convenção 158 da OIT, que impede demissões sem justa causa". Ele também defendeu a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, que tem o potencial de criar milhões de novos postos de trabalho.
Para o presidente da CTB "será preciso reforçar o papel do Estado na economia". Sugeriu, também, a exigência de contrapartidas sociais aos recursos públicos que estão sendo disponibilizados para a iniciativa privada a fim de contornar a crise. "A contrapartida principal é estabilidade no emprego", pontuou.
Superávit primário
Outro ponto realçado por Wagner Gomes foi a necessidade de reduzir o superávit primário e aplicar os recursos (que estão sendo economizados para pagar juros) em infra-estrutura e nos programas sociais do governo. Os sindicalistas também defenderam o fim do fator previdenciário e convocação de uma conferência nacional dos meios de comunicação para democratizar a mídia.
A mudança da política macroeconômica é essencial para enfrentar com êxito a crise em curso, segundo o presidente da CTB, que neste sentido defendeu a redução imediata das taxas de juros e a substituição de Henrique Meirelles na presidência do Banco Central.
Portal CTB
