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Bancos também patrocinam trabalho escravo na Amazônia

Repórter Brasil    


01 /08 / 2007 


O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou, no dia 10/07, a nova atualização do cadastro de empregadores que utilizaram mão-de-obra em situação análoga à de escravo, conhecido como "lista suja". Mais 51 novos nomes fazem parte da relação, que conta agora com 192 empregadores de 16 estados diferentes, pessoas físicas e jurídicas, flagrados cometendo esse crime.


A "lista suja" é um dos principais instrumentos para a erradicação do trabalho escravo no país, pois atinge economicamente os negócios que utilizam este tipo de mão-de-obre. Teoricamente, as instituições financeiras, públicas ou privadas, deveriam cortar o crédito de clientes autuados pelo Ministério do Trabalho.


Porém, no início do mês de julho, o MTE encontrou em uma fazenda onde funciona a usina de etanol Pagrisa, no município de Ulianópolis (PA), 1.108 trabalhadores em regime comparável à escravidão, com o financiamento de bancos como HSBC, Bradesco, Banco do Brasil, BASA e, indiretamente, BNDES.


Por serem signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, Petrobrás, Esso e Texaco anunciaram a interrupção de suas compras de etanol, em volume aproximado de 5 milhões de litros mensais, até que o caso se esclareça.


O risco de falência da empresa não agrada aos bancos, que podem perder seus créditos e danificar suas reputações por fazer negócios com uma empresa de práticas trabalhistas deploráveis, em uma região de rica biodiversidade como a Amazônia, onde a expansão do setor de biocombustíveis está associada ao desmatamento.


No momento, o banco em maior apuro é o HSBC, que repassou recursos do BNDES à Pagrisa (linha Finame), destinada à compra de máquinas e equipamentos, contando com juros subsidiados e prazo longo. Segundo a própria empresa, há operações também com Banco da Amazônia, Bradesco e Banco do Brasil, com os quais mantém conta-corrente.


O Bradesco é o responsável pelo processamento da folha de pagamento da empresa, que antes do caso estourar tinha quase 1.700 funcionários, um serviço geralmente rentável para os bancos. Os três bancos brasileiros, além do HSBC, afirmaram por intermédio de suas assessorias de imprensa, que não poderiam comentar o caso em função da legislação sobre sigilo bancário. Negaram-se até a confirmar se mantêm ou não a conta-corrente da empresa.


A íntegra da "lista suja" está no site do Ministério do Trabalho e Emprego.

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