Lula prepara Conselho para enfrentar companhias aéreas

A jornalista Helena Chagas, do site Blog dos Blogs, informa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com os integrantes do governo que fazem parte do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) para preparar as medidas a serem aprovadas na reunião de amanhã (20), que terá a presença de representanres das companhias aéreas - foco de resistência às mudanças que vêm sendo discutidas.

Matéria atualizada à 0h50 para acréscimo de informações

A principal delas, a curto prazo, é o esvaziamento de Congonhas, com a restrição de pousos e decolagens de aviões particulares - que seriam desviados para Jundiaí - e a divisão das linhas comerciais com outros aeroportos como Viracopos, em Campinas.

O presidente está seguindo o script aéreo acertado na reunião da coordenação política hoje de manhã, quando determinou a reativação do Conselho e a mudança de pauta da reunião prevista para amanhã. A intenção é fechar o governo em torno dessas propostas para evitar uma reação das companhias aéreas. São elas que insistem em manter seus vôos chegando e saindo de Congonhas e outros aeroportos centrais. Mas a informação é de que, desta vez, ninguém vai ceder.

No curto prazo, o plano emergencial é o esvaziamento de Congonhas. No prazo possível, curto ou médio, a designação de um gestor para a crise do setor aéreo, que pode tanto estar no Ministério da Defesa quanto na secretaria executiva do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), criado em 2003 para assessorar o governo nas questões relacionadas ao tráfego aéreo. O governo já discute nomes. No médio e até longo prazos, o governo quer multiplicar pelo menos por seis o investimento de R$ 3 bilhões previsto no PAC para o setor aéreo nos próximos três anos.

Pronunciamento na TV

O presidente também fará amanhã à noite um pronunciamento à nação em cadeia nacional de rádio e TV. O horário ainda não foi divulgado.

Segundo informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o presidente falará sobre a questão aérea e deve divulgar ações do governo federal a serem implementadas no setor.

Pressão das companhias aéreas

Helena Chagas informa ainda que ''são impublicáveis as palavras usadas pelo presidente Lula e outros participantes da reunião de coordenação de governo hoje cedo para se referir à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). ''(...) é enorme a ira planaltina contra a agência, que estaria cedendo a pressões das empresas aéreas que podem colocar em risco a segurança dos pousos e decolagens em aeroportos superlotados'', diz a jornalista.

Segundo ela, no gabinete presidencial, foi relatado, por exemplo, episódio em que um integrante da diretoria da Anac, em reunião para discutir soluções para a crise do setor aéreo, rejeitou uma determinada proposta sob a justificativa de que as companhias aéreas não iam concordar. O que levou seus intelocutores a indagar quem ele estaria ali representando.

Caixa preta

O presidente também se reuniu no final da manhã com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, durante mais de uma hora. Saito informou o presidente que a caixa-preta do Airbus da TAM seguirá ainda nesta quinta-feira para os Estados Unidos. Saito recebeu a garantia dos responsáveis pelo trabalho nos EUA de que a degravação dos diálogos da cabine será enviada de volta para o Brasil na próxima semana.

Até agora, o governo acredita que a hipótese mais provável para a tragédia com o avião da TAM seja falha humana, por causa do excesso de velocidade do avião quando tocou a pista, ou defeito do próprio Airbus.