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Rosseto, Genoino e Altamiro Borges destacam importância estratégica do protagonismo cutista

Por: O endereço de e-mail está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript para vê-lo.">Leonardo Wexell Severo e Isaías Dalle, de Brasília

<STRONG>Rosseto, Genoino, Quintino e Altamiro Borges</STRONG>
Rosseto, Quintino, Genoino e Altamiro Borges
O ex-ministro Miguel Rosseto, o deputado federal e ex-presidente do PT, José Genoino, e o jornalista Altamiro Borges, do Comitê Central do PCdoB, abriram nesta quinta-feira (16) com uma análise de conjuntura a reunião da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores, no Hotel Eron, em Brasília. Os três reafirmaram a importância estratégica do protagonismo da Central para o avanço da sociedade brasileira.


Na avaliação do secretário geral da CUT, Quintino Severo, que coordenou a mesa, a contribuição de cada um destes companheiros para a compreensão do atual momento político qualifica o debate e potencializa a intervenção cutista.


Primeiro a falar, Miguel Rosseto saudou a realização do Dia Nacional de Luta CUT - que reuniu mais de 20 mil na Esplanada dos Ministérios na última quarta-feira -, como expressão do que deve ser o comportamento do movimento sindical e social para defender direitos e avançar nas conquistas. Na sua avaliação, "este é um momento histórico privilegiado para a ação política, onde se dá uma ruptura com o passado colonial e as imposições do imperialismo, em que superamos a hegemonia privatista e neoliberal, marco que amplia nossa responsabilidade".


Para Rosseto, o protagonismo dos movimentos sociais, particularmente no segundo turno das eleições presidenciais, representou um momento singular, onde acumulamos força e espaço, "as idéias de esquerda foram vitoriosas". "Idéias que ampliam compromissos com o desenvolvimento, com a distribuição de renda, com a constituição de políticas públicas e de combate à privatização do Estado".


Este passo adiante das forças nacionais e populares, acrescentou, fez com que as idéias conservadoras e neoliberais perdessem base social e programática. "Uma das expressões desta vitória política são as diversas modificações, mutações e mudança da roupagem do PFL, de uma alteração cosmética, liberal para democratas".


O ex-ministro da Reforma Agrária entende que diante dos inegáveis avanços obtidos com o governo Lula, "se amplia a idéia de direitos, se reforça a auto-estima do nosso povo, e potencializa o êxito de marchas e mobilizações" que, ao mesmo tempo, reforçam e realimentam a pressão por melhorias. Em resposta a estas perspectivas abertas, denunciou Rosseto, é que vem a reação de um setor golpista da elite nacional. "Combatem permanentemente este governo, estas idéias e este projeto porque querem ditar a agenda política, tentam ditar a iniciativa do debate. Para isso se servem do descompromisso dos grandes meios de comunicação. É só lembrar que horas depois do acidente da TAM, William Bonner já disse quem era o culpado, pelo que tinha acontecido, responsabilizando o governo Lula. Esta é a forma da desconstrução feita pela direita, que tem na mídia um instrumento brutal de disputa política e ideológica".


Segundo Rosseto, a CUT e a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) têm o papel fundamental de disputar a construção deste projeto de governo, o projeto nacional, buscando uma agenda política que garanta a mais ampla unidade. "Precisamos de lutas políticas que se traduzam em conquistas reais para o nosso povo". Porém, iniciativas do governo federal como as restrições impostas pelo Projeto de Lei Complementar 01 e de fundações estatais de direito privado não têm colaborado para uma idéia comum de defesa do Estado público, indutor do desenvolvimento e da justiça, "provocando uma desorganização política da nossa base, a dispersão e a desagregação da nossa unidade orgânica". Disputar o projeto de nação a partir de uma concepção democrática de inclusão, de justiça social e redistribuição de renda, ressaltou, é o desafio colocado.


Genoino destaca êxito da mobilização e denuncia ação da mídia


"Vocês fizeram ontem uma manifestação com 20 mil em defesa de direitos, para avançar, mas se fossem umas 20 pessoas com uma agenda negativa receberiam manchete da imprensa", declarou o deputado José Genoino, frisando que cada vez mais fica claro que "a mídia privada tem se comportado como instrumento do Estado maior da oposição".


Genoino defendeu o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como uma medida fundamental para o país. "Com o PAC, estamos disputando o papel do estado na indução de um projeto de desenvolvimento econômico oposto à visão neoliberal". Agora, destacou, o debate é outro: fortalecimento da infra-estrutura do Estado, geração de emprego, crescimento... "Não estamos mais priorizando juro, superávit, acordos internacionais".


O debate sobre a TV pública e o papel dos meios de comunicação, analisa o líder petista, é uma discussão estratégica que precisa ser aprofundada, para o bem da democracia brasileira. Em contraposição ao pluralismo de idéias, alertou, "setores da grande mídia buscam o encurralamento do governo, para que este projeto alvissareiro, que vai se delineando em toda a América Latina, não tenha continuidade em 2006".


Para Genoino, com suas teses inteiramente desgastadas na sociedade, a nova direita quer reciclar o projeto neoliberal para precarizar as relações de trabalho e a infra-estrutura do país sem recorrer abertamente à privatização. Por isso, no entendimento dos golpistas, "mesmo o governo Lula representando uma coalizão ampla, tem que ser desestabilizado e não pode fazer o sucessor". "A raiva e o ódio de articulistas e ideólogos expressa a posição desse bloco social formado com a classe média alta, que está pondo para fora todo o seu preconceito em relação a melhorar a situação dos pobres", condenou. Com esse mesmo espírito, toda a pressão contra a reforma política se deveu em grande parte, esclareceu Genoino, à oposição desses setores ao financiamento público de campanha, pois põe em xeque o poder desmedido que tem o capital dentro do sistema capitalista.


Medidas importantes como a Reforma Universitária, o Piso Nacional de educação e a agenda centrada nos programas sociais apontam que os movimentos sociais devem ir para a ofensiva. "A droga das agências reguladoras era um principio dogmático. Agora, é como se o problema fosse dos gestores e não do modelo de agência que é deles, dos privatistas, que só serve ao vale tudo do capitalismo selvagem, pois é sem controle, rigor ou fiscalização", declarou Genoino, asseverando que por representarem a capacidade do Estado em dar respostas às necessidades da maioria, "gestão e eficiência tem lado".


Colocando como crucial a necessidade de posicionar os movimentos sociais como protagonistas, o deputado enfatizou a importância de que a governabilidade seja social e não apenas congressual. "Temos de fazer a disputa pela hegemonia nos preparando para um enfrentamento tenso". Genoino disse que exemplo de como a direita vê esse processo ficou evidenciado na tragédia da TAM, e citou matéria de página inteira de uma especialista publicada no jornal argentino El Clarín que desmontou todas as versões da mídia brasileira - que não estava interessada em informar sobre fatos mas em formular versões para desgastar o governo Lula. "Será uma disputa radicalizada, no vale tudo, o que aumenta a nossa responsabilidade".


As inúmeras publicações contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, apontou o deputado, se inserem na "virulência da disputa". "Com os ataques a Renan, a oposição quer uma casamata no Senado Federal, uma trava para inviabilizar o governo". Com tantos elementos de uma guerra declarada - e em curso - o líder petista ressaltou que todos aqueles que têm compromisso com a democracia no país devem assumir a bandeira da democratização dos meios de comunicação. "Precisamos viabilizar a TV pública e o financiamento para a mídia alternativa, que dá espaço para um debate democrático e independente", defendeu Genoino, pois são passos necessários para fortalecer o campo democrático e popular na disputa de hegemonia.


Altamiro Borges: mídia não se cansa de mentir


"A mídia de São Paulo não repercutiu um ato com mais de 20 mil. Já uma manifestação com menos de dois mil, segundo os próprios organizadores, vira capa. Isso é um escândalo que só demonstra o quanto essa mídia é escrota. Na verdade, ela é a mais degenerada que existe, uma aberração, não tem coisa igual", avaliou o jornalista Altamiro Borges. Para Miro, os movimentos sociais devem superar o atual estágio de constatação desse problema para uma postura mais ativa, construindo os seus próprios veículos para a disputa de hegemonia.


Miro propôs "aproveitar o 5 de outubro, data que expira a concessão da Rede Globo para fazer um grande debate sobre as concessões públicas". Afinal, questionou, "a Globo informa ou desinforma, forma ou deforma? É justo que a publicidade oficial seja pautada essencialmente por critérios mercadológicos, sem levar em conta o estímulo à diversidade de opinião, como é feio na Europa? Por que o dinheiro público, bilhões, são destinados para alimentar cobras, sem que tenhamos um marco regulatório, sem que impeçamos as propriedades cruzadas e o controle dos meios de comunicação por nove famílias?". A realização da Conferência Nacional de Comunicação, esclareceu, deverá estimular o debate e dar resposta a estas questões.


Avaliando que a conjuntura hoje "é bem mais favorável", o dirigente do PCdoB sublinhou a necessidade de uma mudança de postura, "mais atrevida, mais exigente, para tensionar mais". "Estamos na fase de construção de alternativas. Há uma grande fadiga das idéias neoliberais de privatização, diminuição do papel do Estado, do mundo sem fronteiras. Há uma fragilização do império do mal, do imperialismo norte-americano, que enfrenta muita dificuldade, no que Emir Sader chama das três expressões: palavra, dinheiro e armas. É claro que às vezes a fera acuada fica ainda mais agressiva", declarou.


Altamiro Borges avalia que a reeleição de Lula foi "uma grande vitória, eleitoral, mas também política e ideológica, o que dá mais autoridade para os movimentos sociais pressionarem". "O lançamento do PAC, por exemplo, é extremamente positivo, onde as áreas prioritárias são o planejamento, o desenvolvimento, diferente da época do ‘Malloci', da estabilização conservadora. Mas ainda temos muitas limitações a serem superadas na política macroeconômica ortodoxa, na política fiscal de superávit - que bateu recordes -, na política cambial perigosa. O lucro dos bancos é uma monstruosidade. Então temos que atuar, pressionar, pois o governo vai fazendo o jogo desta contradição".


Há um nó perigoso para ser desatado, defendeu, que é o fato de a "mídia estar virando partido. Seu setor mais radicalizado atua para derrubar o governo, jogando abertamente no golpe. Outro setor volta à tática do sangrar, com vistas a 2008 e 2010. Faz parte de uma mesma tática: a de encurralar". Diante disso, o que está colocado ao movimento sindical é combinar a preservação da sua autonomia com a intensificação da pressão. O dilema, apontou, "é que não basta mais votar, pois o fascismo de mercado enquadra. Daí a necessidade de construirmos um projeto de transformação do pais, para o qual estamos acumulando forças". Para Miro, a questão central é a estruturação de um projeto nacional de desenvolvimento, que afirme a soberania nacional, rompendo com a lógica de financeirização da economia e de sangria dos recursos públicos via pagamento de juros e superávit primário. Ao governo, diz Miro, "falta nitidez de projeto, precisão, visão estratégica, para mudar nas questões estruturais".


Ao final das exposições foi realizado um amplo debate com a participação dos dirigentes da executiva nacional e dos Ramos presentes à reunião.

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