Wagner Gomes: "Unidade de ação e mobilização total para o dia 15 em Brasília"
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Wagner Gomes, vice-presidente nacional da CUT |
Como você avalia a importância da manifestação do dia 15 em Brasília?
É uma manifestação de grande importância, porque estaremos defendendo conquistas que são parte da luta histórica dos trabalhadores brasileiros. Enfrentamos atualmente uma ofensiva em larga escala - além da "Emenda 3", podemos enumerar, entras outras questões, a tentativa de restrição ao direito de greve, o descumprimento de direitos trabalhistas e as incursões do governo pelo terreno da "reforma" da Previdência Social.
Existe unidade do movimento sindical combativo em torno destas questões?
Sim, a amplitude do movimento que se alastra pelo país reflete a compreensão elevada do conjunto dos trabalhadores, alertado pelas principais lideranças sindicais, decorrente da clareza sobre a gravidade da situação. O momento requer unidade de ação. Afinal, é a democracia para os trabalhadores que está ameaçada.
Por que esta ofensiva em pleno governo Lula?
A tentativa de restringir direitos trabalhistas é parte de um conflito de classes permanente, que nos dias atuais implica em uma disputa ideológica mais acirrada. O discurso contra a legislação trabalhista ganhou corpo com o aparecimento de várias propostas destinadas a "reformar", com intensidades variadas, a CLT e a Constituição, principalmente na gestão de Fernando Henrique Cardoso (FHC). Apesar de apresentar sinais de mutilação, a legislação trabalhista se manteve graças à luta dos trabalhadores contra o neoliberalismo.
Qual é mesmo a essência dessa luta?
O fundamental é entender que nossas leis trabalhistas são a síntese do embate entre capital e trabalho que atravessou todo o século XX e refletem nossas vitórias e derrotas. Até os anos 40, os trabalhadores empregaram lutas heróicas e, aos trancos e barrancos, foram arrancando conquistas aqui e ali. Quando o governo do presidente Getúlio Vargas instituiu a CLT, no dia 1º de maio de 1943, ele reuniu em um sistema único todas as leis trabalhistas aprovadas anteriormente. Grande parte delas são artigos que devem ser avaliados como importantes conquistas e que nunca foram aceitas pelo capital.
E essa contradição está presente também no governo?
A questão é que o cenário político nacional está permeado por interesses em conflito. Muitos desses interesses estão dentro do próprio Estado. Mesmo no governo existem aqueles que defendem a velha máxima de que governar é como tocar violino: a gente pega com a esquerda e toca com a direita. Aos trabalhadores cabe a tarefa de impedir retrocessos em nossos direitos, impulsionando o governo no rumo das mudanças progressistas.