HSBC: o tráfico de drogas e o sistema financeiro
Nesta semana uma notícia sacudiu o sistema financeiro internacional. Uma investigação do Senado dos Estados Unidos concluiu que subsidiárias do banco britânico HSBC lavaram durante anos bilhões de dólares para cartéis de droga mexicanos e países considerados párias e terroristas. O escândalo levou David Bagley, chefe de governança do banco, anunciar a renúncia durante reunião com os senadores, na última terça-feira (17), em meio a evidências de que o HSBC ignorou sinais de que suas operações globais estavam sendo usadas para atividades ilegais.
Segundo o relatório do Senado americano, subsidiárias do HSBC transportaram US$ 7 bilhões em dinheiro ligado ao tráfico por meio de veículos blindados ou avião do México para suas operações nos EUA, durante os anos de 2007 e 2008. As falhas de segurança também permitiram que barões mexicanos de drogas usassem suas contas nas Ilhas Cayman para comprar aviões para o tráfico. O negócio mexicano possuía uma filial nas Ilhas Cayman que, mesmo movimentando 2,1 bilhões de dólares em apenas um ano, não possuía funcionários nem escritório.
Esta não é a primeira vez que investigações comprovam a relação de uma importante instituição financeira com o crime organizado. Em 2007, um dos maiores bancos dos EUA, o Wachovia (filiado, atualmente, ao Wells Fargo), lavou 378,4 bilhões de dólares do narcotráfico – quantia equivalente a um terço do PIB do México – por meio de transações financeiras com casas de câmbio mexicanas.
Será que os diretores do HSBC não sabiam da origem do dinheiro? Os administradores das instituições financeiras repetem nas comissões de inquérito respostas evasivas ou negam ter sabido de irregularidades passadas. Entretanto, há muito tempo suspeita-se que o dinheiro do tráfico de drogas é lavado através do sistema financeiro internacional. A receita com a venda das drogas é um montante considerável para ser desprezado pela ganância dos banqueiros. Segundo estimativas, em 2010, a indústria faturava por ano R$ 1,4 bilhão no Brasil e US$ 320 bilhões no mundo.
Este caso também revela a total falta de fiscalização dos órgãos de controle das instituições financeiras. A atuação livre do mercado financeiro internacional, com vários exemplos de operações de risco e fraudulentas, tem levado o mundo a uma séria crise econômica, que gera demissões, arrocho salarial e cortes de direitos dos trabalhadores. Ou seja, os bancos erram e a sociedade como o todo paga a conta.
Com informações da Carta Capital, Opera Mundi e Correio Brasiliense