A greve da construção civil na Bahia
No último dia 9 de fevereiro, a nova diretoria do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria da Construção (Sintracom-BA) tomou posse em
uma grande festa com muitas personalidades presentes e uma multidão de
operários da base do sindicato.
O discurso de posse do
presidente, eleito democraticamente pelos associados do sindicato, Jose
Ribeiro, chamou atenção de todos presentes. Ele fez um relato de toda
trajetória de luta no sindicato, da diretoria que encerrava o mandato e
convocou os operários para uma greve já no dia 10, ou seja, a nova
diretoria tomou posse e imediatamente foi para os canteiros de obras.
Deu-se
início, no primeiro dia de mandato, a um grande movimento paredista com
paralisação nas empresas Alphaville, Le Parc e Manhattan; nas obras das
empresas Sertenge, na Rua Gratidão, em Piatã; nas obras da NM, prédio
Tecnocentro, avenida Luiz Viana Filho, Paralela, no condomínio Villagio
Panamby, Horto Florestal, obra da Odebrecht; e Elegance Garibaldi
Condomínio Clube, na Avenida Garibaldi, Rio Vermelho, no canteiro de
obras da construtora Bueno Neto, atrás do supermercado Extra, avenida
Paralela, e da empresa RJ, no Imbuí.
Os empresários lançam mão de
todo tipo de manobra para acabar com a greve, como fofocas mentiras
chantagens. Em vão. Os trabalhadores se mantêm firmes.
Como todos
sabem e é divulgado diariamente na mídia, o mercado da construção está
em alta e os empresários ganham lucros imensos, com excelentes
perspectivas para 2011. Mas não querem atender às reivindicações dos
operários, que trabalham pesado, todos os dias, de sol a sol.
Para
o novo presidente do SINTRACOM-BA, José Ribeiro, o movimento grevista
atinge mais de 90% dos canteiros de obra de Salvador. Um movimento
vitorioso, pois os trabalhadores aderiram à greve maciçamente, por onde
os sindicalistas passaram. Em todas as grandes construções da cidade,
ninguém entrou para trabalhar. Se alguém trabalhou, foram em obras
pequenas e escondidas em bairros distantes. Mas o objetivo, de acordo
com José Ribeiro, é chegar a todos os canteiros.
O primeiro dia
de paralisação foi bastante agitado. Logo no início da manhã, eles
saíram em caminhada da construtora Le Parc e Manhattan, da Avenida
Paralela, onde há muitos prédios em construção, foram até a rótula do
Abacaxi e depois seguiram até o Campo Grande, no Centro. Por volta da
11h, percorreram a av. Sete de Setembro até o Largo de São Bento, onde
fizeram uma nova assembleia na qual decidiram manter a greve por tempo
indeterminado.
Os patrões estão apostando no esvaziamento da greve. Contrataram
vários agentes patronais e distribuíram entre os trabalhadores, para
provocar e disseminar mentiras na tentativa de dividir o movimento. O
negociador que é um profissional que treina para, sem representatividade
alguma, estar ali só para ganhar o valor acertado com os patrões.
Mesmo
com a greve forte atingindo todos os setores da indústria da construção
civil, os negociadores patronais marcaram a próxima reunião para
próximo dia 17, com uma frieza incomum, como se nada estivesse
acontecendo.
Mas os trabalhadores não têm pressa. Estão
dispostos a continuar em greve por tempo indeterminado e até um acordo,
vão continuar mobilizados e com as atividades paralisadas.
Em
reunião realizada no sindicato, na sexta-feira (11), com a participação
de grevistas de todos os canteiros de obras, a diretoria decidiu que na
segunda-feira os operários das obras que estão paralisadas vão se
dividir em equipes para buscar paralisar os pequenos canteiros que ainda
estão trabalhando. A meta é atingir 100% de toda categoria e fazer um
arrastão em todas as empresas.
Os trabalhadores reivindicam um
reajuste salarial de 18,7%; qualificação profissional; contrato de
experiência com limite máximo de 30 dias; reconhecimento de novas
funções; quando houver programação de horas extras o lanche ou o jantar
devem ser fornecidos no início da primeira hora, para quem faz a partir
de duas horas extras, após as 17 horas; garantia de estabilidade com o
cumprimento das leis relacionadas às trabalhadoras gestantes; depósito
da quantia líquida da rescisão dentro do prazo estabelecido no artigo
477 da CLT e se a homologação não ocorrer até o segundo dia posterior ao
depósito, a empresa pagará multa correspondente; além da garantia dos
direitos já adquiridos e que constam da Convenção Coletiva.

Pascoal Carneiro – Secretário-geral da CTB