Big Brother no Banco do Brasil
Há muito era comum, articulistas escreverem textos sobre Big Brothers, ou o Grande Irmão, baseados no livro 1984 de George Orwell, com uma alusão aos países de regimes totalitários, onde tudo era vigiado por câmeras, teletelas e outras parafernálias.
Mas, como disse, isso foi há muito tempo. Imaginava-se fosse coisa do passado. Hoje é comum empresas em nosso país adotarem controle e mais controle sobre seus empregados. Muitas delas instalam equipamentos até nos banheiros.
O capitalismo, em sua atual fase de luta desesperada contra a tendência de queda da taxa de lucro, se apropria das novas tecnologias para intensificar a exploração dos trabalhadores e aumentar a taxa de mais-valia. Acrescentam ao uso das tecnologias as novas técnicas de gerência. Será que são novas mesmo?
Os bancos costumam ser protagonistas nessas iniciativas de modernidade. As demais empresas ficam meio que esperando que essas novidades sejam adotadas pelos bancos para, em seguida, implantarem em suas matrizes e filiais.
O movimento sindical bancário tem se posicionado contra as metas abusivas exigidas pelos bancos no dia a dia. O Banco do Brasil pratica esse controle de maneira a deixar os demais bancos privados com inveja. Em um de seus relatórios, chamado Informações Gerencias, o BB monitora minuciosamente tudo o que os empregados fazem ou deixam de fazer.
Essa ferramenta informa ao Banco do Brasil quanto o funcionário vendeu de determinado produto no dia e mês atual e compara com dias e meses anteriores. O objetivo desses processos de monitoração adotados pelos bancos é estimular o individualismo – discurso da superação - em detrimento da ação coletiva.
Os administradores do Banco do Brasil deveriam ter em mente que o gigante estatal chegou aos 200 anos graças à ação coletiva de milhares de colegas anônimos dos quatro cantos do país. Xô Big Brothers.
José Souza é presidente do Sindicato dos Bancários e funcionário do BB