Chile, Crise da dívida nos EEUU, Murdoch, Inglaterra, Silvio Costa e Sandro Mabel
Pelo tamanho do título o leitor pode imaginar que enlouqueci. Como
articular tantos assuntos em apenas uma lauda. Pois vou tentar.
Começo informando que Silvio Costa (PTB/PE) é presidente da Comissão
de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) e assumiu a relatoria do
projeto de lei de autoria do deputado Sandro Mabel (PR/GO) que trata da
liberalização da terceirização e apresentou o PL 1463/2011 sobre o novo "Código
do Trabalho". Mais informações, vide artigo "O novo código da senzala" do
companheiro Tramontini.
Pois bem, estes projetos, já em tramitação avançada na Câmara dos
Deputados, trazem de volta a velha cantilena neoliberal tão propalada na década
de 90 de que o problema do Brasil é o "custo da mão de obra" e que a solução é
"desonerar a folha". Ou seja, jogar no lixo os direitos trabalhistas
conquistados a duras penas, mantendo intocada a farra de banqueiros e rentistas
parasitas.
Foi exatamente a "solução" encontrada para a crise da dívida norte
americana. Corte nos gastos públicos, ou seja, na rede de proteção social e
manter intocado os impostos dos muito ricos e o mercado financeiro
desregulamentado.
E o Murdoch com isto? E que o escândalo das escutas telefônicas nos
seus tablóides demostra exatamente o "modus operandi" desta turma, o mesmo que
ocorre com o PIG (Partido da Impresa Golpista) aqui no Brasil. Ou seja, "criar
dificuldades para vender facilidades". A chantagem para manter o monopólio da
"opinião pública", como a atual tentativa de criar uma crise política
artificial. Ou alguem acredita que a "turma do jabá" tem algum compromisso com a
ética? Que o país precisa de uma "faxina geral" todos concordamos. Mas que ela
seja pautada pela mídia, por favor, me façam uma garapa.
Agora, sobre as gigantescas manifestações no Chile e a explosão social na
Inglaterra. São sintomas da reação dos povos aos efeitos do que o neoliberalismo
está trazendo de volta ao mundo. Na Grécia, o governo social democrata passou
por cima do povo e impôs um pacote restritivo de direitos para cumprir as ordens
do FMI. Movimentos espontâneos explodem na Espanha, Portugal e por toda Europa,
mas ainda sem identificar direito o inimigo central dos povos: O imperialismo
neoliberal e a ditadura de Wall Street e dos "barões da mídia".
Coloquemos nossas barbas de molho e nos preparemos para embates de grande
monta. Esta em curso uma batalha em escala global: Quem vai pagar o ônus da
crise do capitalismo? Os neoliberais pretendem que sejam os trabalhadores. E
nós, vamos aceitar? Atenção, esta disputa já está em curso em nosso país.
Emanoel Souza é jornalista, economista e presidente da Federação dos
Bancários da Bahia e Sergipe