Nossas bandeiras tremulam pelas mudanças

Por Valter Moraes*

Não temos porque termos vergonha das nossas bandeiras e se esconder atrás do nada. Bote suas bandeiras nas ruas e assuma seu compromisso de luta com dignidade e sem medo de se expor. Estamos numa democracia que há dez anos permite manifestações, experimentada pela repressão da ditadura e das elites reacionárias. Uma democracia ainda não totalmente pronta, mas a caminho de transformar em dez anos os quinhentos anos de uma elite sectária, individualista, escravocrata, racista e etc.

Esse movimento é justo, por isso precisamos dirigi-lo com muita responsabilidade e capacidade política, bradando mudanças concretas, fazendo analises de nossa história de onde viemos e onde estamos para chegarmos à certeza de que chegamos ao limite dos péssimos serviços e da irresponsabilidade social, tanto de gestores como de empresários. Exigimos o essencial para nossas vidas, nada mais que o respeito e dignidade para termos uma sobrevida salutar.

Precisamos desconstruir a individualidade do capitalismo, a ganância dos capitalistas, a concentração do capital, a incultura dominante, desarmar o circo ofertado por eles e destruir o mastro da sua arrogância para renascermos das cinzas e voarmos como fênix despertando para uma nova sociedade, a sociedade do povo. A luta, a autonomia e a responsabilidade, despertarão nos povos a sua grandeza.

O povo na rua é a resposta a todos os desserviços, é a extrapolação da indignação política da sua vontade, é o momento extraordinário da sua sensibilidade aviltada a todo tempo que chega ao topo das suas certezas: queremos mudanças radicais, queremos ser tratado como gente, comer como gente, usar o transporte coletivo como gente, ser tratado na saúde como gente, ser ouvido porque também somos voz, raciocinamos e temos vontade, temos a sensibilidade de um poeta e a generosidade de uma bandeira branca, mas também temos as garras de um gavião, a força e a grandeza de uma manada, a estratégia e a tática dos pássaros.

*Por Valter Moraes – é bancário do Bradesco e diretor da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe