Bancários cobram da Fenaban igualdade de oportunidades para todos

Igualdade de oportunidades para todos os trabalhadores e trabalhadoras dos bancos, independentemente de sexo, cor ou orientação sexual. Esta foi a principal reivindicação que o Comando Nacional dos Bancários fez à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) nesta quinta-feira (11/7), durante a rodada de negociação da campanha salarial 2024.
Na mesa, o Comando apresentou os dados do relatório do Dieese, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que mostra que apesar de representarem quase 48% da categoria, as bancárias têm remuneração média 20% inferior à remuneração média dos bancários. O recorte racial revela uma distorção ainda pior: as bancárias negras (pretas e pardas) têm remuneração média 36% inferior à remuneração média do bancário branco.
As desigualdades salariais de gênero se repetem em praticamente todos os cargos do setor bancário, mas se aprofundam nos cargos de liderança, onde elas recebem cerca de 25% menos que seus pares, e quanto maior for a escolaridade, onde as bancárias com doutorado recebem 61% da remuneração média dos homens bancários também com doutorado. As mulheres recebem mais que os homens em apenas 2,8% do total das ocupações no setor bancário.
Também há diferença salarial significativa entre homens bancários brancos e negros, com o segundo grupo recebendo remuneração média de 78,9% da remuneração média dos brancos.
Redução de mulheres
Os bancários também mostraram que está havendo uma redução de mulheres contratadas em todos os cargos do setor. Entre janeiro de 2020 e maio de 2024, houve redução de 11.514 postos. Porém, quando é feito o recorte de gênero, o saldo positivo de emprego bancário entre homens foi de 1.331 postos, enquanto para as mulheres, foram eliminados 12.845 postos. Portanto, a cada um homem contratado no período, nove mulheres foram desligadas.
Nesse período, na área que teve mais contratação nos bancos, a de TI, ocorreram 19,9 mil admissões, porém, desse total 78% das vagas destinadas aos homens e o restante (22%) às mulheres.
Os representantes dos bancários cobraram da Fenaban ações para mudar esta situação, possibilitando a contratação e oportunidades de ascensão profissional para as mulheres, negros e negras dentro dos bancos.

“Nós queremos discutir com os bancos a lei de igualdade salarial entre homens e mulheres e também as diferenças entre a remuneração de negras e negros em comparação aos brancos. Cobramos a ampliação de mulheres na área de TI e queremos atualizar os relatórios de acompanhamento da situação”, reforçou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Neto, que integra o Comando Nacional dos Bancários.
Neto cobrou também da Fenaban a continuidade do projeto piloto implementado em Salvador, direcionado para contratação de negros no setor, além de reivindicar a contratação de indígenas pelos bancos. “Temos que cobrar dos banqueiros todos esses pontos, realizar uma grande mobilização para mostrar que a categoria está atenta e sentindo essas diferenças e que está disposta, em conjunto com o movimento sindical, a resolver essas disparidades “, ressaltou.
Outras cobranças
Na mesa, o Comando cobrou ainda o cumprimento da Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres, especificamente no ponto sobre o Relatório de Transparência Salarial, com a correção e adequação dos relatórios divulgados; que divulguem os dados por empresa e não somente por estabelecimento (CNPJ); que tragam o número absoluto de trabalhadores e trabalhadoras e que os relatórios sejam compartilhados com os trabalhadores e com o Comando Nacional dos Bancários, para facilitar o acompanhamento.
Os bancários cobraram também a realização do 4º Censo da Diversidade da categoria, o último foi divulgado em 2019, e o prazo de cinco anos para realização do levantamento vence este vencendo. Reivindicaram um olhar especial para as trabalhadoras e os trabalhadores transexuais, dada a vulnerabilidade social desse grupo, para que, além de terem acesso às vagas no setor, consigam permanecer e ascender na carreira.
O Comando cobrou também a adesão de todos os bancos ao Programa Empresa Cidadã, para que todos pratiquem a licença maternidade de 180 dias e paternidade de 20 dias; programas de promoção de acesso à ascensão de negros e negras; programas de promoção para acesso e permanência de mulheres nas áreas de TI; além do balanço, por banco, sobre a implementação e realização dos programas de combate ao assédio e de violência doméstica.
Resposta e calendário
Os representantes dos bancos indicaram o compromisso de buscar soluções para esses problemas e disseram que vão se reunir com as empresas para trazer propostas que respondam as reivindicações da categoria.
As próximas rodadas de negociação estão marcadas para os dias 18 e 25 de julho, com a discussão sobre saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas

