Dieese derruba argumento da Fiesp contra redução da jornada no Brasil
No dia seguinte, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp e a Ciesp ) divulgaram uma nota oficial posicionando-se
contra a proposta argumentando que “a redução obrigatória da jornada de
trabalho não é boa para o trabalhador, nem para o empresário e, muito
menos, para o Brasil”.
A posição do presidente da federação patronal, Paulo SKaf, corresponde
à resistência histórica dos capitalistas à medida e já era esperada. Em
2009, no início da crise econômica mundial ele propôs que os
trabalhadores assinassem acordos com redução de jornada e redução de
salário como forma de saída para crise, admitindo implicitamente que a
diminuição do tempo de trabalho era necessário para preservar o nível
de emprego. O que ele e outros capitalistas não admitem de maneira
alguma é a redução dos gordos lucros das empresas.
O Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos), que estuda o tema há algum tempo, lançou nesta
quinta-feira uma nota à imprensa que derruba o falso argumento de que a
redução não é boa para os trabalhadores e para o Brasil. Segundo o
texto, a proposta de redução da jornada para 40 horas semanais,
associada à coibição das horas extras, pode gerar mais de 2,5 milhões
de postos de trabalho. O custo do trabalho no Brasil é baixíssimo em
comparação com outros países e o impacto da medida sobre os custos
totais da indúsria seria inferior a 2%. Ideólogos a soldo do capital
estão utilizando conceitos e argumentos falsos para se opor à redução
do tempo de trabalho, como é o caso dos "encargos sociais", que
representariam 102% do salário, que a nota do Dieese desmascara.
Os efeitos sobre a economia serão amplamente benéfico, segundo o órgão.
"A combinação de todos os fatores desencadeados pela redução de
jornada, sem redução de salários, provoca a geração de um círculo
virtuoso na economia, combinando a ampliação do emprego, o aumento do
consumo interno, a elevação dos níveis de produtividade do trabalho, a
melhoria da competitividade do setor produtivo, a redução dos acidentes
e doenças do trabalho, a maior qualificação do trabalhador, a elevação
da arrecadação tributária, enfim um maior crescimento econômico com
melhoria da distribuição de renda".