Na contramão, bancos cortam 4.329 empregos em 2013

Em 2013, os bancos continuaram demonstrando a total falta de compromisso com o desenvolvimento do Brasil. Enquanto o país criou 1.117.171 de novas vagas, o sistema financeiro nacional, o setor mais lucrativo da economia, fechou 4.329 postos de trabalho entre janeiro e dezembro. O número só não foi ainda maior porque a Caixa criou 5.486 vagas no mesmo período.
Os dados são da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), realizada pelo Dieese, em parceria com a Confederação Naciona dos Trabalhadores do Ramo Financeiro - Contraf, tendo como base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Segundo o estudo, os bancos brasileiros contrataram 38.563 funcionários entre janeiro e dezembro e desligaram 42.892. Nove estados apresentaram saldos negativos de emprego. Os maiores cortes ocorreram em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde se pode observar maior presença de instituições privadas.
Rotatividade diminui salários
A pesquisa mostra que o salário médio dos admitidos pelos bancos entre janeiro e dezembro foi de R$ 2.966,47, contra salário médio de R$ 4.731,57 dos desligados. Ou seja, os trabalhadores que entram no sistema financeiro recebem remuneração 37,3% inferior à dos que saem.
"Com a rotatividade, os bancos mostram que responsabilidade social e sustentabilidade não passam de peças de marketing, pois não estão amparadas na prática das instituições com o emprego e a remuneração dos trabalhadores", ressalta o presidente da Contraf-CUT.
Concentração de renda nos bancos
No Brasil, os 10% mais ricos no país, segundo estudo do Dieese com base no Censo de 2010, têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10% mais pobres. Ou seja, um brasileiro que está na faixa mais pobre da população teria que reunir tudo o que ganha durante 3,3 anos para chegar à renda média mensal de um integrante do grupo mais rico.
No sistema financeiro, a concentração de renda é ainda maior. No Itaú, por exemplo, cada executivo da diretoria recebeu, em média, R$ 9,05 milhões em 2012, o que representa 191,8 vezes o que ganhou o bancário do piso salarial. No Santander, cada diretor embolsou, em média, R$ 5,62 milhões no mesmo período, o que significa 119,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou, em média, R$ 5 milhões no ano para cada diretor, a diferença foi de 106 vezes.
Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos, o caixa do Santander 10 anos e o do Bradesco 9 anos.
Feebbase defende mobilização
A pesquisa demonstra mais uma vez a total falta de compromisso dos bancos com o Brasil e principalmente com os bancários. A alta rotatividade nas instituições privadas e a desigualdade de remuneração só reforçam a importância da união da categoria.
Para a Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, só a mobilização constante da categoria pode impedir os abusos dos bancos, além de garantir mais e melhores empregos. Esta mobilização se materializa com a presença dos sindicatos nas agências, apurando as denúncias e fiscalizando as condições de trabalho. Com o ajuizamento de ações coletivas na Justiça e também com assistência integral aos trabalhadores. "Só com a união de todos - bancários e entidades sindicais- é que poderemos impedir que mais postos de trabalho sejam fechados em 2014", afirmou Emanoel Souza, presidente da Feebbase.
Com informações da Contraf e Dieese

