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redes sociais 2023

Cúpula dos Povos: a crise econômica no centro dos debates em Salvador

Às 10h30, os tambores improvisados da Batucada Feminista deram as boas-vindas aos participantes da Cúpula dos Povos no Centro de Convenções da Bahia, que, a essa altura, já reunia líderes dos movimentos sociais do Brasil, Bolívia, Venezuela, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e Trindade e Tobago. "É papel dos movimentos sociais, nesse momento de crise, elevar o seu protagonismo na luta por uma integração regional com desenvolvimento e justiça social para América Latina e Caribe", declarou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB/BA, Adilson Araújo, ao abrir o evento.



Plenária da Cúpula


A mesa de abertura foi também composta por Rafael Freire, representando a Central Sindical das Américas; Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Ceprapaz; Fátima Mello, da Rede Brasileira de Integração dos Povos; Adriana Vieira, pela Marcha Mundial de Mulheres; Renan Macacheira, em nome da Organização Continental Latino-Americana dos Estudantes; Lúcia Barbosa, à frente do Movimento dos Sem-Terra; e a secretária da Promoção da Igualdade, Luiza Bairros, representando o governador Jaques Wagner.


"O governo quer compartilhar o desafio da integração regional junto com os movimentos sociais", sinalizou a representante do governador.Uma integração justa, que busque corrigir os erros do passado e dê continuidade ao desenvolvimento dos governos progressistas, construídos através das lutas sociais na América Latina ao longo dos últimos 10 anos, é a grande questão norteadora da Cúpula de acordo com a opinião de Socorro Gomes. "Nós temos que entender e respeitar todos os países que questionam dívidas antigas. É um direito; um ato de soberania, porque muitos acordos foram selados entre governos ditatoriais", explica. Segundo Socorro, ajustar as pendências do passado é o caminho para a consolidação de uma sociedade melhor e integrada.
 

Outra prioridade a ser debatida durante os dois dias de encontro é o combate à 4ª Frota norte-americana, apontada pela presidente do Conselho Mundial da Paz como o maior aparelho bélico naval da região. A Frota, que havia sido desmontada em 1953, ocupa os mares desde o Pacífico Sul até o Caribe e América Latina e, segundo consta, tem capacidade para navegar, inclusive, em rios. "É uma ameaça concreta contra a soberania da região, em especial num momento em que os países estão reunidos justamente para consolidar a independência", atentou Socorro.
 

Não à toa, os Estados Unidos, assim como o Canadá, não participam da Cúpula dos Povos, o que, para Fátima Mello, configura-se como um momento ímpar, em que os movimentos sociais "têm a tarefa de empurrar o governo em prol de uma integração regional aos moldes das bandeiras latino-americanas, por soberania alimentar e energética, justiça climática, direitos humanos e migrações", ressaltou em coro engrossado por Rafael Freire, que, à frente da CSA, representa 65 centrais sindicais das Américas, com 50 milhões de filiados. "É preciso vencer esse modelo opressor adotado pelo imperialismo, cuja crise atual já provou estar falido", pontuou.
 

Debates


Em prosseguimento às atividades programadas para a manhã de sábado (13/12), Renildo de Souza (Brasil), economista e dirigente nacional do PCdoB; Enrique Daza (Colômbia), coordenador da Aliança Social Continental; Beverly Keene (Argentina), da organização Jubileu Sul; Jacobo Torres (Venezuela), da Força Bolivariana de Trabalhadores; Freddy Mamani, do Movimento Boliviano por Soberania e Integração dos Povos; e Quintino Severo, da Central Única dos Trabalhadores - CUT compuseram a primeira mesa de debates da 5ª Cúpula dos Povos.
 

A crise vista sob o ponto de vista econômico, e não meramente financeiro, foi o centro das discussões, aliado ao papel do estado enquanto "salvador do deus mercado", segundo destacaram os palestrantes.  "O momento de crise é oportuno para utilizarmos esse novo ciclo político aberto nas Américas a partir de 1998, com a eleição de Hugo Chávez (Venezuela), em favor de uma integração econômica, comercial, financeira, tecnológica, social, política e cultural, respeitando as diversidades e particularidades de cada nação", opinou Renildo de Souza. "É a oportunidade de construirmos canais de diálogo e formas de participação mútua entre os países por melhores condições de vida para a população", emendou Daza. 
 

De acordo com a argentina Beverly Keene, a crise já surte impacto na vida dos povos latinos, como o corte de empregos, a alta no preço dos alimentos, a crise climática e o agravamento da crise social. "Na verdade, trata-se de uma crise do modo de funcionamento próprio do sistema capitalista", apontou. "É um momento importante para reconstruirmos o modelo de desenvolvimento aos moldes que queremos, com foco no fortalecimento do trabalho e na sua valorização frente ao PIB", defendeu o líder da CUT, Quintino Severo.
 

A unificação monetária na região e a criação do Banco do Sul também figuraram entre as principais pautas da manhã. "Representa um marco de integração distinto, poder reter as nossas reservas monetárias em local seguro, protegido da especulação financeira das instituições norte-americanas", elogiou Jacobo Torres. "O Banco Sul é o caminho para uma nova autonomia financeira", arrematou Souza.
 

Os debates seguem na parte da tarde, com painéis sobre Soberania e Segurança Alimentar, Soberania Financeira, e Justiça Climática.
 

De Salvador,

Camila Jasmin
Vermelho

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