Encontro aprova plano de ação dos bancários do Bradesco
Cerca de 100 bancários e bancárias de todo o Brasil participaram nesta sexta-feira (22/8) do Encontro Nacional dos Funcionários do Bradesco, em São Paulo. Foi um dia de intensos debates de temas como conjuntura do Sistema Financeiro Nacional e perspectivas para o futuro e tendências da reestruturação no banco. Ao final os participantes aprovaram um plano de ação que tem como principais pontos a defesa do emprego, fim do fechamento de agências e melhorias no plano de saúde.
A análise de conjuntura foi realizada pelas coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários Juvandia Moreira, presidenta da Contraf, e Neiva Ribeiro, presidenta o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Juvandia destacou que o maior patrimônio do coletivo do Bradesco é a unidade para enfrentar fechamento de agências, demissões e os avanços tecnológicos com a Inteligência Artificial (IA) que ameaça o emprego do bancário. Já Neiva Ribeiro defendeu que os bancários devem assumir a responsabilidade de disputar as narrativas e ajudar a formar redes de diálogo para espalhar as boas ações a fim de desmentir as fake news que surgem a todo o momento.
No painel sobre conjuntura do Sistema Financeiro Nacional e perspectivas para o futuro, o professor doutor Moisés Marques afirma que o banco do futuro que se falava há 13 anos já chegou e relembrou que nos anos 1993 havia 30 grandes bancos no país e hoje, apenas dez instituições concentram a maior parte do mercado, mas já não são as únicas protagonistas. Fintechs como PicPay Original e Nubank transformaram a lógica do sistema financeiro, sendo o Nubank a instituição financeira de maior valor de mercado da América Latina, operando com custos muito menores do que os bancos tradicionais e com uma carteira de 123 milhões de clientes.
Plano de reestruturação
O economista e técnico da subseção do Dieese na Contraf-CUT, Gustavo Cavarzan, apresentou o Plano Estratégico do Bradesco, reestruturação que o banco colocou em prática após fortes quedas no lucro entre 2019 e 2020 e na rentabilidade de 2021 a 2023. O plano, iniciado em 2024 e com conclusão prevista para 2028, prevê mudanças graduais a cada trimestre ao longo dos próximos cinco anos. O objetivo é recuperar os resultados e reposicionar a instituição. Inclusive, o Bradesco fez mudanças estratégicas em sua diretoria, trazendo de fora executivos para ocuparem duas importantes vice-presidências: a de Negócios Digitais e a de Recursos Humanos.
Segundo Cavarzan, ainda faltam, três anos para a conclusão do plano do banco, mas o cenário caminha para que continue como foi traçado já que o banco vem recuperando seus patamares de lucro: o resultado do lucro líquido recorrente foi de R$ 11,9 bilhões, um crescimento de 33,7% em relação ao mesmo período do ano passado no primeiro trimestre de 2024 (de R$ 4,2 bilhões).
“Mesmo com lucro já estamos vendo a perda importante de postos de trabalho, intensificação das rotinas de trabalho com a IA e a melhoria na BIA sendo a primeira IA a ser usada por uma instituição financeira. A sugestão é que se faça um processo rígido de negociação e de fortalecimento da categoria para que lá em 2028, o movimento sindical não encontre um cenário de terra arrasada”, completou.
Plano de luta e ação
Ao final do Encontro, os bancários e bancárias aprovaram um plano de luta para enfrentar a situação. Entre as principais ações estão a realização de campanhas e atividades em defesa do emprego, pelo fim do fechamento de agências, melhorias no plano de saúde do Bradesco, além da valorização dos últimos acordos relacionados à CCV e PPR, que terão assembleias nas próximas semanas.
Para o coordenador da COE na Bahia e Sergipe, Ronaldo Ornelas, o Encontro foi muito produtivo e é consenso que o movimento sindical deve reagir às estratégias de fechamento de agências do Bradesco. “Foram muitos debates interessantes, com dados importantes apresentados em todas as mesas. O professor Moisés Marques apresentou um painel interessantíssimo sobre a inteligência artificial, a questão da digitalização dos serviços bancários e fintechs. Destaco também, a mesa com o economista Gustavo Cavarzan, que foi bastante didático sobre esse planejamento estratégico do Bradesco. Na minha avaliação esse encontro nacional foi muito rico e devemos sair daqui mais fortes, com informações precisas para atuar na defesa dos Interesses da categoria e da população”, destacou Ornelas, que é diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia.