Enfrentar a neoliberalização para alcançar o trabalho decente
O Brasil vive um processo de mercantilização das relações trabalhistas, com a hegemonia do capital financeiro, que leva ao enfraquecimento das instituições democráticas. A neoliberalização do trabalho é um dos fatores impeditivos à efetivação do trabalho decente. A opinião é da socióloga, economista e professora da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Graça Druck.

Durante o Seminário Anual do Iapaz (Instituto de Estudos e Ação pela Paz com Justiça Social) sobre o tema Paz só com Justiça Social – Trabalho Decente e o Fim da Escala 6x1, nesta terça-feira (17/12), no Sindicato dos Bancários da Bahia, Graça Druck lembrou que nas últimas quatro décadas houve uma forte precarização social do trabalho, com alto índice de informalidade, baixo custo do trabalho e aumento das jornadas, fatores que levam à elevação dos acidentes e do adoecimento físico e mental. Para ela, hoje a situação é decorrente da dominação do capital financeiro sobre o Estado.
Para o presidente do IAPAZ, Álvaro Gomes, apesar da conjuntura adversa, as forças progressistas precisam consolidar a legislação a favor dos trabalhadores, avançar nas conquistas e recuperar os direitos usurpados pelo ultraliberalismo. Ele lembrou a Agenda Bahia do Trabalho Decente, coordenada pela Setre (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte), que busca dar dignidade ao trabalho.
Cabe ao movimento dos trabalhadores conseguir a reorganização do trabalho, opina o professor da Unicamp, José Dari Krein. Ele observa que só vai haver avanço se tiver força social capaz de constranger os setores conservadores da sociedade. Um bom exemplo da necessidade de mobilização popular é o fim da escala 6x1, em pauta hoje no Congresso Nacional.
O professor afirma que o fim da escala 6x1 representa o grito contra as mudanças que o mundo do trabalho sofreu. “É preciso trabalhar menos e viver a vida em todas as suas dimensões”, diz. Para tanto, ele acredita que é imperioso colocar o trabalho na agenda da sociedade brasileira e criar energia para mudar a correlação de forças.
Fonte: Sindicato dos Bancários da Bahia.

