Resultados e conjuntura impactam negociações deste ano
O desempenho dos bancos e impactos na Campanha Nacional dos Bancários foi o tema da mesa com as economistas do Dieese Vivian Machado e Rosângela Vieira dos Santos, no sábado (8/6), segundo dia da 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.

Ao apresentar os dados sobre o desempenho recente dos cinco maiores bancos, Vivian ressaltou que de 2019 a 2023, em termos reais, o lucro líquido teve uma queda de 19,7%. No mesmo período, a provisão para devedores duvidosos (PDD) aumentou 30,4%, e a carteira de crédito cresceu 22,4%, ambos em valores reais.
“A alta na inadimplência no período recente, uma das responsáveis pelo aumento da PDD, está associada aos impactos da pandemia, alta taxa de juros e menor rendimento das famílias durante o Governo Bolsonaro”, explicou.
Outros dois dados preocupantes são referentes ao fechamento de agências bancárias e a redução dos postos de trabalho nos bancos. Nos últimos cinco anos, foram fechadas 3,2 mil agências em todo o país (88% delas de bancos privados) e houve uma redução de 20,7 mil postos de trabalho bancário.
Impactos na campanha da categoria
Segundo a economista Rosângela Vieira, houve assimetria no resultado financeiro dos principais bancos em 2023, com recorde de lucro do Itaú e BB, e resultados abaixo do esperado para Bradesco e Santander.
A economista apontou ainda movimentações comuns nos grandes bancos: queda no emprego bancário e fechamento de agências; crescimento da PDD; maior investimento em tecnologia e ampliação das contratações de profissionais de TI.
A economista do Dieese recordou que a reforma trabalhista feita durante o governo Temer, que entrou em vigor em 2017, promoveu um verdadeiro desmonte da legislação, com inúmeros cortes de direitos.
“Mas as negociações da categoria bancária não apenas conseguiram manter todos os direitos previstos na Convenção Coletiva (a reforma poderia alterar 43 das 71 cláusulas), inclusive os direitos dos trabalhadores hipersuficientes (dois tetos do INSS), como estabeleceu o reconhecimento do modelo de financiamento sindical que é tido como modelo para as demais categorias em todo o país”, lembrou.
Rosângela também apresentou informações sobre os reajustes da categoria nos últimos 20 anos, que mostram que, apesar das perdas no período FHC, a soma dos reajustes levou a um aumento real de 11,18% no período entre 1994 a 2023.
Em sua apresentação, a economista do Dieese lembrou também dos diversos avanços obtidos nas cláusulas sociais como a regulamentação do teletrabalho, combate à violência sexual, iniciativas de prevenção à violência contra mulher, discussão de metas e seu acompanhamento em reuniões com bancos e criação do grupo de trabalho para discussão de segurança bancária.
Fonte: Texto e fotos da Contraf.

