Comissão do Ministério do Trabalho vai debater emprego
Os sindicatos dos bancários entregaram um documento ao ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, descrevendo a situação de empregabilidade no setor financeiro e solicitando que o Brasil volte a ser signatário da Convenção 158 da Organização Internacional de Trabalho (OIT), que proíbe dispensas injustificadas. Trabalhadores metalúrgicos também participaram da audiência.
Lupi informou que vai pautar a discussão na Comissão de Relações Internacionais do ministério. A comissão, formada por representantes das centrais sindicais, governo e empresários, tem reunião prevista para o próximo dia 4 e o ministro disse que solicitará um parecer até o final de setembro. "Esse tema tem o apoio do ministério e nós vamos trabalhar juntos", completou Lupi.
Quadro
O documento entregue pelo presidente do Sindicato de SP, Luiz Cláudio Marcolino, informou ao ministro que os bancos mantêm há anos a lógica de demitir trabalhadores com mais tempo de casa e salários mais altos para substitui-los por outros "mais baratos". E que aproveitaram os processos de fusão e aquisição para dispensar uma imensa massa de bancários dos quais muitos, hoje, são funcionários de empresas terceirizadas, com salários e direitos rebaixados.
"Por isso, a Convenção 158 é uma bandeira histórica dos trabalhadores. O Brasil já foi signatário da convenção, mas o governo FHC, em 1996, retirou a assinatura do país. A 158 pode contribuir também para barrar o processo de terceirização não só entre os bancários, mas em todas as categorias", destacou o presidente do Sindicato.
Interditos
O ministro Carlos Lupi recebeu também um relatório sobre a utilização dos interditos proibitórios para impedir a livre manifestação dos trabalhadores com uso da força policial. Esse instrumento jurídico da área cível trata de posse de propriedades e tem seu uso desvirtuado por empresários e banqueiros para tentar proibir greves e mobilizações.
Atualmente tramitam na Justiça 100 interditos movidos pelos bancos contra a categoria. Se todos os pedidos de multas fossem deferidos, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região seria penalizado indevidamente com o pagamento de R$ 3,740 milhões.
"Trata-se de um atentado contra a liberdade de trabalho, o que fere a nossa Constituição Federal", destacou Marcolino. O ministro Carlos Lupi prometeu acompanhar de perto os encaminhamentos dados por metalúrgicos e bancários sobre o assunto.
Fonte: Cláudia Motta - Seeb SP