Contencioso entre CUT e Força Sindical
A votação do novo salário mínimo precisa ser avaliada em dois
aspectos. O mais importante foi a aprovação de uma política duradoura de
valorização do salário mínimo. Durante todo o governo Dilma está
assegurada a fórmula "inflação + PIB de dois anos anteriores" para
reajustar o mínimo
O ponto fora da curva foi a manutenção do
valor de R$ 545,00 proposto pelo governo para o ano de 2011. A última
proposta das centrais sindicais, não aceita pelo governo, foi a de
demandar um novo valor, de R$ 560,00, a título de antecipação do
reajuste a ser concedido o ano que vem.
A matéria em tela, apesar
das disputas, não deveria gerar tantas polêmicas, mas foi o estopim
para a deflagração de uma guerra de declarações entre o deputado federal
e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira, e o presidente da CUT,
Artur Henrique.
Incomodada com a visibilidade maior adquirida
pelo Paulinho, os dirigentes da CUT resolveram demarcar de forma mais
acentuada com a Força Sindical, parece que com o aval da cúpula petista,
insatisfeita pelo voto dissidente de vários deputados do PDT na votação
do salário mínimo.
Neste último período a CUT vem ensaiando
carreira solo. Pronunciou-se contrária ao 1º de maio unificado e exibe
uma postura tendente a minar com a unidade alcançada pelo Fórum das
Centrais. Relançar a tese de extinção da contribuição sindical caminha
nessa direção.
As declarações do presidente da Força também não
jogam água no moinho da unidade. Essa situação toda tem incomodado as
lideranças responsáveis do movimento sindical no país. A preocupação
desses segmentos é assegurar a manutenção da grande unidade alcançada e
os notáveis êxitos alcançados.
A realização de seis marchas
unitárias e a conquista do acordo de valorização do salário mínimo, a
força adquirida para a luta pela redução da jornada de trabalho para 40
horas semanais sem redução do salário e o esforço para acabar com o
fator previdenciário são exemplos emblemáticos da importância da
unidade.
Além disso, as centrais sindicais deram um salto de
qualidade na elaboração programática ao aprovar a Agenda da Classe
Trabalhadora na histórica Conferência realizada no dia 1º de junho do
ano passado, no Pacaembu, com quase 30 mil participantes.
Tudo
isso se associa com a terceira vitória popular, com a eleição da
presidenta Dilma. Para adquirir protagonismo e fazer avançar a luta por
um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, a
unidade e a luta das centrais são fundamentais, precisam ser
preservadas.
Para além de opiniões diferenciadas sobre
determinadas questões, o grande desafio é lutar unitariamente pela
viabilização da Agenda aprovada na Conferência Nacional da Classe
Trabalhadora. A prática concreta dos últimos anos não pode ser fraturada
por motivações menores.
Nivaldo Santana é vice-presidente da CTB Nacional